Teófilo Benarrós de Mesquita
e Carla Alessandra Pinto Caldas
Manaus/AM - Estamos novamente diante de novos desafios em nossa luta familiar pela saúde e pelo bem estar da Carla Alessandra, conhecido por quase todos como Carlinha. Nesse momento, diante de uma nova fogueira, que vai ser pulada com a Graça de Deus e as bênções de Nossa Senhora, como já foram as anteriores.
Dia desses, eu me deparei com uma frase do Ayrton Senna da Silva postada no Facebook que me remeteu imediatamente à essa nova situação. Logo compartilhei-a na rede social. E ao iniciar o texto de atualização das notícias sobre a saúde da Carlinha, resolvi fazer da frase do Senna o título de nossa postagem, com a devida adaptação.
Tudo começou no dia 7 de outubro, quando a Carla saiu direto de uma consulta na Oncoclin, com a Dra. Adelaide Portela, para outro consultório, do Dr. Isaac Tayah, Gastroenterologista, e daí para internação de emergência no apartamento 105 da Unimed Manaus, na avenida Constantino Nery...
Não, peraí! Deixa eu corrigir. Começou bem antes. Logo depois da Quimioterapia do dia 15 de agosto, a Carla começou a sentir dores. Porém, ela "não quis" ir no médico. E eu, muito ocupado, aceitei a vontade dela (se arrependimento matasse...). Antes da Quimioterapia do dia 12 de setembro, ao relatar as dores, a Dra. Adelaide passou exames urgentes e imediatos. Terminamos tudo (exames e resultados) no dia 26 de setembro. No dia 7 de outubro, fomos à consulta, mostrar os exames.
A médica não gostou do que viu... Tinha tanta coisa... De imediato, a certeza de novas Quimioterapias, pesadas. E, outra preocupação, uma vesícula "indigesta". Ligou para o Dr. Isaac Tayah, seu parceiro de Fundação Cecon e minha sugestão para retirar a vesícula em crise. Aí sim, seguimos para o Consultório do Dr. Isaac, onde foi atestada a gravidade na situação da vesícula.
Feito o diagnóstico, veio a solicitação de internação em caráter de emergência. Ponderei com o Dr. Isaac "será que dá tempo de ir em casa, fazer um asseio em nós dois... Separar uma roupas e material de higiene". E ele, que não perde o jeito moleque, ironizou: "tá pensando em tomar banho com ela numa hora dessas..." Depois, sério, completou. "Vai direto para a Unimed. Depois pede para alguém levar o que vocês precisarem. No apartamento tem banheiro e lá vocês tomam banho... Separados, é lógico!!!. Eu, que dizia em família que me impressionava chegar em casa e ver a Carla sempre com a expressão de dor no rosto, fiquei mais impressionado com o arremate do médico. "Não perde tempo. Vai direto para a Unimed. Tua esposa tem a expressão do dor estampada no rosto!!!". Quem foi em nossa casa no aniversário dela, dos dias antes (5 de outubro), sabe do que estou falando.
Nesse período a Carla suportou a dor. Para alguns como uma heroína. Para mim, que convivo com ela há quase 24 anos (começamos o namoro em 15/03/1990), como uma teimosa. Depois ela reconheceu "não queria tomar remédio". Aliás, essa mea culpa veio depois de eu quase perder as estribeiras, por ela ter ficado dois dias sem tomar o remédio que ajudava a suportar a dor, e não ter avisado ninguém. Nem a mim, nem a mãe dela (Suely), nem à nossa filha (Scarlett Syssi).
Internada, veio a confirmação da data da cirurgia - 10 de outubro, dia do anivesário do irmão caçula da Carla, o Karlos Kleber. O procedimento consistia em retirar a vesícula e suas pedras, retirar um pedaço do fígado para nova biópsia e "instalar" um cateter (subclave) para receber a medicação da Quimioterapia que já se mostrava necessária, essas duas últimas providências seguindo recomendação da Dra. Adelaide.
Para os que ainda não sabem, a Carla é mastectomizada do lado direito. Portanto, veias só as do lado esquerdo. E, após mais de 4 anos de Quimioterapia, está cada vez mais difícil "pegar" veia na Carlinha. Na hora da "furada" é um tormento (para ela e para mim, frouxo de pai e mãe quando o asssunto é injeção e/ou agulhada). As veias dela estão, dia a dia, mais cansadas e finas...
Iniciado o procedimento, por vídeo, o INESPERADO. Lembro até hoje o relato do Dr. Isaac. "Teófilo, prá onde a gente virava a câmara, aperecia tumoração... Chegamos ao consenso que seria melhor abrir, ver o que tinha e tirar tudo que fosse possível!". E assim foi feito. A tumoração era EXTERNA. Não estava localizada em qualquer órgão. Cresceu entre os órgãos, a ponto de deslocar o estômago da Carlinha, outro motivo das dores intensas e incessantes.
O tumor, grande, estava aderente ao fígado, ao estômago, ao duodeno e ao intestino. E recobria a vesícula e o pâncreas, impedindo que a câmera da cirurgia por vídeo chegasse ao local. Outros acontecimentos aumentaram a dramaticidade do procedimento. Começaram a "descolar" o tumor das paredes dos órgãos. Começaram a tirar a aderência. Tudo certo no descolamento do tumor aderente ao fígado. Passemos ao estômago...
No finalzinho do descolamento, a tumoração trouxe junto parte da fina parede do estômago. A Carla começou a sangrar, muito. Foi preciso aplicar pontos internos no estômago e também coagulante, para conter o sangramento. Mas não foi fácil. No relato que o Dr. Isaac me fez, e pela sua expressão de preocupação durante o relato, fiquei imaginando o quanto difícil deve ter sido essa situação. Ainda durante a cirurgia, foi necessário a Carla tomar duas bolsas de sangue.
Vencida a etapa com muito custo, a equipe seguiu adiante. Conseguiram, sem maiores sustos, descolar o tumor que aderia ao duodeno. Partiram para o final da cirurgia: descolar a tumoração do intestino. Em determinado momento, o "fantasma" do ocorrido com o estômago voltou a assolar o procedimento. Sem querer correr novos riscos de sangramento, a equipe optou por tirar um tampão do intestino, trazendo junto a parte tumorada.
Esses "acontecimentos" no estômago e no intestino, no entanto, colocou a Carla em nova situação clínica. Dreno do lado direito, para acompanhar e controlar o situação do estômago e sonda no nariz, para receber a alimentação, assim que ela saísse da "dieta zero", respeitado o tempo pós-cirúrgico necessário. A dieta zero começou no pré-cirúrgico (22 horas do dia 09 de outubro) e se estendeu até domingo (13 de outubro), quando ela começou a receber a alimentação pela sonda.
No dia da cirurgia, recebemos um grande presente do aniversariante. O Karlos Kleber passou todo o 10 de outubro com a Carla na Unimed. Obrigado meu cunhado!!! A foto abaixo foi tirada na terça-feira (dia 08 de outubro).
Os dias de pós-operatório me lembraram muitos aqueles dias de maio de 2011, em São Paulo, período entre as duas convulsões (10 e 18 de maio) e a cirurgia para a retirada do tumor na cabeça (21 de maio). Praticamente morei no apartamento 105 da Unimed. Na sexta-feira (dia 11/10) surgiram uns probleminhas lá na Câmara Municipal de Manaus e eu tive que ir lá, resolver. Na semana seguinte também dei um pulinho lá, pois estava na fase final de apresentação de Emendas o Plano Diretor de Manaus. Na primeira noite, por completa insegurança, pedi ao meu irmão, Tales Benarrós de Mesquita, para me acompanhar (ele é Dentista, além de Advogado). Acabei submetendo meu irmão a uma dolorosa situação. Ele dormiu muito mal, na cadeira do acompanhante, rs. Me desculpe meu grande irmão.
Nos dias seguintes, a Janaína Caldas, irmã da Carla, que havia recem desembarcado de Bauru/SP, onde seu filho Arthur faz tratamento médico, também deu uma força grande. Quando eu já estava bastante cansado, apelei para a Scarlett Syssi, que foi companhia da Carla na última noite de internação, sábado, dia 19 de outubro. (foto abaixo).
Durante o dia, minha irmã Lenise Benarrós de Mesquita, de férias profissionais, também deu grande ajuda. Idem para a prima Lígia Silva, a companheira dos finais de semana. Com essas duas, a Carla aproveitava para atualizar suas fases no Candy Crush. Nossa comadre Hozanira Galvão também dedicou alguns dias do horário de seu almoço para vistar-nos. Em casa, no Japiim, a Sueli, mãe da Carla e minha sogra, cuidava do Raulzito e administrava as perguntas insistentes: "cadê a mamâe?" e/ou "porquê a mamãe não vem logo para casa?". Sim, ele ficou todo o tempo da internação sem ver a mãe, pois não é permitida a entrada de crianças no Hospital.
Tentei por três vezes conseguir uma excepcionalidade, junto ao serviço de Assistência Social, mas meus argumentos não foram convincentes. Eu explicava que a mãe havia saído de casa no dia 7 de outubro para uma consulta médica e, depois de passar por uma segunda consulta, havia sido encaminhada diretamente para internação de urgência, e estava desde então sem ver o filho. Além do Raul sentir falta da Carla, a Carla também sentia falta do Raul...
Na véspera da alta, estava a caminho da Unimed para deixar a Scarlett. Ela seria a companhia da noite/madrugada. Aí pensei, por inspiração dos céus: "cara, bem perto do quarto da Carla tem a sala de raio-x, que vive cheia de crianças. Vou fazer o Raul e a Carla se encontrarem lá na porta do raio-x... Vou "fazer de conta" que ela vai tirar raio-x". Expliquei a situação para a atendente da portaria, que se mostrou sensível à situação, mas preocupada com as possíveis implicações. Garanti a ela que assumiria toda e qualquer consequência que pudesse vir a acontecer. Confessaria que teria mentido para ela, que teria enganado ela... A senhora então disse: "entre, mas seja rápido, por favor!".
Na mesma noite, ao chegar em casa, postei a seguinte mensagem no Facebook:
---------------------------------------------------------
Não me perguntem como, que eu não revelo nem sob tortura, mas ontem à noite consegui fazer o Raul Carlos ver a Carla Mesquita (e vice-versa), após 13 dias, depois da Carla ter saído para consulta e ficar hospitalizada de emergência.
Foi lindo!!!
Foi mágico!!!
Foi uma bênção!!!
Foi emocionante e chorei!!!
Cinco minutos intensos...
Quando chegou em casa e contou para a vovó Sueli Pinto Caldas Caldas, ela perguntou ao neto: "e como foi meu filho?". Ele respondeu seguindo seu coração: "ela me beijou todo e eu beijei ela toda..."
Não subornei ninguém, não transgredi nenhuma regra (o encontro não foi no apartamento), não menti nem enganei, não prejudiquei nenhuma parte... Apenas tive uma Inspiração Divina no meio do caminho e encontrei um anjo para ajudar.
---------------------------------------------------------
Na manhã seguinte, dia 20 de outubro, um domingo, quando me preparava para substituir a Scarlett, veio a notícia da alta. Bem na véspera do anivesário de 4 anos do Raul. Na Escolinha dele, programamos a comemoração para 18 de outubro, uma sexta-feira. Depois pensei em cancelar mas a Carla bateu o pé: "não senhor, tem que fazer o aniversário, mesmo que eu não possa estar presente". O Raul viveu com muita expectativa esse seu primeiro aniversário na Escolinha. A cada aniversário de um colega ele me perguntava: "pai, quando vai ser o meu aniversário???". E dizia como teria que ser: tu vai fazer uma mesa "assim", com uma toalha "assado", com isso, aquilo e aquilo mais... No início ele queria do Tree Fu Tom, um desenho novo da Discovery Kids. Mas como não achamos nada do Tree Fu Tom (nem na 25 de Março, em SP, rs), ele optou por Aviões, animação da Disney. O aniversário foi bom... Mas faltou a Carla!
Mesmo com a Carla ainda debilitada, decidimos em cima da hora comemorar os 4 anos do Raul no dia do aniversário mesmo: 21 de outubro... Chamamos só os tios e ainda assim a casa "lotou", rs. A alegria dos dois, aliás dos 4 (Raul, Carla, Teófilo e Scarlett) era indisfarçável!!! Aliás, indisfarçável era a alegria de todos, em ver o sorriso de volta na expressão da Carla.
Hoje, dia 15 de novembro, ela já fez duas Quimioterapias desta nova batalha. Terça-feira que vem (19/11), no dia do aniversário do pai dela, faz mais uma Quimio. Na 4ª terça-feira (26/11) ela "descansa" da Quimio. Depois retoma tudo de novo: três quimios seguidas, sempre às terças-feiras, e uma semana de folga. Assim será pelos próximos seis meses quando, com a Graça de Deus, as bênções de Nosso Senhor Jesus Cristo e a proteção de Maria Santíssima, estaremos comemorando mais uma vitória. Uma árdua vitória. Porquê quando pensamos que chegamos ao nosso limite, a vida nos faz descobrir que temos força para ir além!!!
A todoa e a todas,
Abraços e beijos do tamanho do Amazonas
Raul Carlos, Scarlett Syssi, Carla Alessandra e Teófilo Narciso.
e Carla Alessandra Pinto Caldas
Manaus/AM - Estamos novamente diante de novos desafios em nossa luta familiar pela saúde e pelo bem estar da Carla Alessandra, conhecido por quase todos como Carlinha. Nesse momento, diante de uma nova fogueira, que vai ser pulada com a Graça de Deus e as bênções de Nossa Senhora, como já foram as anteriores.
Dia desses, eu me deparei com uma frase do Ayrton Senna da Silva postada no Facebook que me remeteu imediatamente à essa nova situação. Logo compartilhei-a na rede social. E ao iniciar o texto de atualização das notícias sobre a saúde da Carlinha, resolvi fazer da frase do Senna o título de nossa postagem, com a devida adaptação.
Tudo começou no dia 7 de outubro, quando a Carla saiu direto de uma consulta na Oncoclin, com a Dra. Adelaide Portela, para outro consultório, do Dr. Isaac Tayah, Gastroenterologista, e daí para internação de emergência no apartamento 105 da Unimed Manaus, na avenida Constantino Nery...
Não, peraí! Deixa eu corrigir. Começou bem antes. Logo depois da Quimioterapia do dia 15 de agosto, a Carla começou a sentir dores. Porém, ela "não quis" ir no médico. E eu, muito ocupado, aceitei a vontade dela (se arrependimento matasse...). Antes da Quimioterapia do dia 12 de setembro, ao relatar as dores, a Dra. Adelaide passou exames urgentes e imediatos. Terminamos tudo (exames e resultados) no dia 26 de setembro. No dia 7 de outubro, fomos à consulta, mostrar os exames.
A médica não gostou do que viu... Tinha tanta coisa... De imediato, a certeza de novas Quimioterapias, pesadas. E, outra preocupação, uma vesícula "indigesta". Ligou para o Dr. Isaac Tayah, seu parceiro de Fundação Cecon e minha sugestão para retirar a vesícula em crise. Aí sim, seguimos para o Consultório do Dr. Isaac, onde foi atestada a gravidade na situação da vesícula.
Feito o diagnóstico, veio a solicitação de internação em caráter de emergência. Ponderei com o Dr. Isaac "será que dá tempo de ir em casa, fazer um asseio em nós dois... Separar uma roupas e material de higiene". E ele, que não perde o jeito moleque, ironizou: "tá pensando em tomar banho com ela numa hora dessas..." Depois, sério, completou. "Vai direto para a Unimed. Depois pede para alguém levar o que vocês precisarem. No apartamento tem banheiro e lá vocês tomam banho... Separados, é lógico!!!. Eu, que dizia em família que me impressionava chegar em casa e ver a Carla sempre com a expressão de dor no rosto, fiquei mais impressionado com o arremate do médico. "Não perde tempo. Vai direto para a Unimed. Tua esposa tem a expressão do dor estampada no rosto!!!". Quem foi em nossa casa no aniversário dela, dos dias antes (5 de outubro), sabe do que estou falando.
Nesse período a Carla suportou a dor. Para alguns como uma heroína. Para mim, que convivo com ela há quase 24 anos (começamos o namoro em 15/03/1990), como uma teimosa. Depois ela reconheceu "não queria tomar remédio". Aliás, essa mea culpa veio depois de eu quase perder as estribeiras, por ela ter ficado dois dias sem tomar o remédio que ajudava a suportar a dor, e não ter avisado ninguém. Nem a mim, nem a mãe dela (Suely), nem à nossa filha (Scarlett Syssi).
Internada, veio a confirmação da data da cirurgia - 10 de outubro, dia do anivesário do irmão caçula da Carla, o Karlos Kleber. O procedimento consistia em retirar a vesícula e suas pedras, retirar um pedaço do fígado para nova biópsia e "instalar" um cateter (subclave) para receber a medicação da Quimioterapia que já se mostrava necessária, essas duas últimas providências seguindo recomendação da Dra. Adelaide.
Para os que ainda não sabem, a Carla é mastectomizada do lado direito. Portanto, veias só as do lado esquerdo. E, após mais de 4 anos de Quimioterapia, está cada vez mais difícil "pegar" veia na Carlinha. Na hora da "furada" é um tormento (para ela e para mim, frouxo de pai e mãe quando o asssunto é injeção e/ou agulhada). As veias dela estão, dia a dia, mais cansadas e finas...
Iniciado o procedimento, por vídeo, o INESPERADO. Lembro até hoje o relato do Dr. Isaac. "Teófilo, prá onde a gente virava a câmara, aperecia tumoração... Chegamos ao consenso que seria melhor abrir, ver o que tinha e tirar tudo que fosse possível!". E assim foi feito. A tumoração era EXTERNA. Não estava localizada em qualquer órgão. Cresceu entre os órgãos, a ponto de deslocar o estômago da Carlinha, outro motivo das dores intensas e incessantes.
O tumor, grande, estava aderente ao fígado, ao estômago, ao duodeno e ao intestino. E recobria a vesícula e o pâncreas, impedindo que a câmera da cirurgia por vídeo chegasse ao local. Outros acontecimentos aumentaram a dramaticidade do procedimento. Começaram a "descolar" o tumor das paredes dos órgãos. Começaram a tirar a aderência. Tudo certo no descolamento do tumor aderente ao fígado. Passemos ao estômago...
No finalzinho do descolamento, a tumoração trouxe junto parte da fina parede do estômago. A Carla começou a sangrar, muito. Foi preciso aplicar pontos internos no estômago e também coagulante, para conter o sangramento. Mas não foi fácil. No relato que o Dr. Isaac me fez, e pela sua expressão de preocupação durante o relato, fiquei imaginando o quanto difícil deve ter sido essa situação. Ainda durante a cirurgia, foi necessário a Carla tomar duas bolsas de sangue.
Vencida a etapa com muito custo, a equipe seguiu adiante. Conseguiram, sem maiores sustos, descolar o tumor que aderia ao duodeno. Partiram para o final da cirurgia: descolar a tumoração do intestino. Em determinado momento, o "fantasma" do ocorrido com o estômago voltou a assolar o procedimento. Sem querer correr novos riscos de sangramento, a equipe optou por tirar um tampão do intestino, trazendo junto a parte tumorada.
Esses "acontecimentos" no estômago e no intestino, no entanto, colocou a Carla em nova situação clínica. Dreno do lado direito, para acompanhar e controlar o situação do estômago e sonda no nariz, para receber a alimentação, assim que ela saísse da "dieta zero", respeitado o tempo pós-cirúrgico necessário. A dieta zero começou no pré-cirúrgico (22 horas do dia 09 de outubro) e se estendeu até domingo (13 de outubro), quando ela começou a receber a alimentação pela sonda.
No dia da cirurgia, recebemos um grande presente do aniversariante. O Karlos Kleber passou todo o 10 de outubro com a Carla na Unimed. Obrigado meu cunhado!!! A foto abaixo foi tirada na terça-feira (dia 08 de outubro).
Os dias de pós-operatório me lembraram muitos aqueles dias de maio de 2011, em São Paulo, período entre as duas convulsões (10 e 18 de maio) e a cirurgia para a retirada do tumor na cabeça (21 de maio). Praticamente morei no apartamento 105 da Unimed. Na sexta-feira (dia 11/10) surgiram uns probleminhas lá na Câmara Municipal de Manaus e eu tive que ir lá, resolver. Na semana seguinte também dei um pulinho lá, pois estava na fase final de apresentação de Emendas o Plano Diretor de Manaus. Na primeira noite, por completa insegurança, pedi ao meu irmão, Tales Benarrós de Mesquita, para me acompanhar (ele é Dentista, além de Advogado). Acabei submetendo meu irmão a uma dolorosa situação. Ele dormiu muito mal, na cadeira do acompanhante, rs. Me desculpe meu grande irmão.
Nos dias seguintes, a Janaína Caldas, irmã da Carla, que havia recem desembarcado de Bauru/SP, onde seu filho Arthur faz tratamento médico, também deu uma força grande. Quando eu já estava bastante cansado, apelei para a Scarlett Syssi, que foi companhia da Carla na última noite de internação, sábado, dia 19 de outubro. (foto abaixo).
Durante o dia, minha irmã Lenise Benarrós de Mesquita, de férias profissionais, também deu grande ajuda. Idem para a prima Lígia Silva, a companheira dos finais de semana. Com essas duas, a Carla aproveitava para atualizar suas fases no Candy Crush. Nossa comadre Hozanira Galvão também dedicou alguns dias do horário de seu almoço para vistar-nos. Em casa, no Japiim, a Sueli, mãe da Carla e minha sogra, cuidava do Raulzito e administrava as perguntas insistentes: "cadê a mamâe?" e/ou "porquê a mamãe não vem logo para casa?". Sim, ele ficou todo o tempo da internação sem ver a mãe, pois não é permitida a entrada de crianças no Hospital.
Tentei por três vezes conseguir uma excepcionalidade, junto ao serviço de Assistência Social, mas meus argumentos não foram convincentes. Eu explicava que a mãe havia saído de casa no dia 7 de outubro para uma consulta médica e, depois de passar por uma segunda consulta, havia sido encaminhada diretamente para internação de urgência, e estava desde então sem ver o filho. Além do Raul sentir falta da Carla, a Carla também sentia falta do Raul...
Na véspera da alta, estava a caminho da Unimed para deixar a Scarlett. Ela seria a companhia da noite/madrugada. Aí pensei, por inspiração dos céus: "cara, bem perto do quarto da Carla tem a sala de raio-x, que vive cheia de crianças. Vou fazer o Raul e a Carla se encontrarem lá na porta do raio-x... Vou "fazer de conta" que ela vai tirar raio-x". Expliquei a situação para a atendente da portaria, que se mostrou sensível à situação, mas preocupada com as possíveis implicações. Garanti a ela que assumiria toda e qualquer consequência que pudesse vir a acontecer. Confessaria que teria mentido para ela, que teria enganado ela... A senhora então disse: "entre, mas seja rápido, por favor!".
Na mesma noite, ao chegar em casa, postei a seguinte mensagem no Facebook:
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Não me perguntem como, que eu não revelo nem sob tortura, mas ontem à noite consegui fazer o Raul Carlos ver a Carla Mesquita (e vice-versa), após 13 dias, depois da Carla ter saído para consulta e ficar hospitalizada de emergência.
Foi lindo!!!
Foi mágico!!!
Foi uma bênção!!!
Foi emocionante e chorei!!!
Cinco minutos intensos...
Quando chegou em casa e contou para a vovó Sueli Pinto Caldas Caldas, ela perguntou ao neto: "e como foi meu filho?". Ele respondeu seguindo seu coração: "ela me beijou todo e eu beijei ela toda..."
Não subornei ninguém, não transgredi nenhuma regra (o encontro não foi no apartamento), não menti nem enganei, não prejudiquei nenhuma parte... Apenas tive uma Inspiração Divina no meio do caminho e encontrei um anjo para ajudar.
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Na manhã seguinte, dia 20 de outubro, um domingo, quando me preparava para substituir a Scarlett, veio a notícia da alta. Bem na véspera do anivesário de 4 anos do Raul. Na Escolinha dele, programamos a comemoração para 18 de outubro, uma sexta-feira. Depois pensei em cancelar mas a Carla bateu o pé: "não senhor, tem que fazer o aniversário, mesmo que eu não possa estar presente". O Raul viveu com muita expectativa esse seu primeiro aniversário na Escolinha. A cada aniversário de um colega ele me perguntava: "pai, quando vai ser o meu aniversário???". E dizia como teria que ser: tu vai fazer uma mesa "assim", com uma toalha "assado", com isso, aquilo e aquilo mais... No início ele queria do Tree Fu Tom, um desenho novo da Discovery Kids. Mas como não achamos nada do Tree Fu Tom (nem na 25 de Março, em SP, rs), ele optou por Aviões, animação da Disney. O aniversário foi bom... Mas faltou a Carla!
Mesmo com a Carla ainda debilitada, decidimos em cima da hora comemorar os 4 anos do Raul no dia do aniversário mesmo: 21 de outubro... Chamamos só os tios e ainda assim a casa "lotou", rs. A alegria dos dois, aliás dos 4 (Raul, Carla, Teófilo e Scarlett) era indisfarçável!!! Aliás, indisfarçável era a alegria de todos, em ver o sorriso de volta na expressão da Carla.
Hoje, dia 15 de novembro, ela já fez duas Quimioterapias desta nova batalha. Terça-feira que vem (19/11), no dia do aniversário do pai dela, faz mais uma Quimio. Na 4ª terça-feira (26/11) ela "descansa" da Quimio. Depois retoma tudo de novo: três quimios seguidas, sempre às terças-feiras, e uma semana de folga. Assim será pelos próximos seis meses quando, com a Graça de Deus, as bênções de Nosso Senhor Jesus Cristo e a proteção de Maria Santíssima, estaremos comemorando mais uma vitória. Uma árdua vitória. Porquê quando pensamos que chegamos ao nosso limite, a vida nos faz descobrir que temos força para ir além!!!
A todoa e a todas,
Abraços e beijos do tamanho do Amazonas
Raul Carlos, Scarlett Syssi, Carla Alessandra e Teófilo Narciso.
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