[DIÁRIO DE VIDA (QUE SEGUE...)] - Feliz Dia das Mães...

Scarlett Syssi*
Eu não vou mais chegar em casa e encontrar o quarto arrumado e ficar chateada por que ela acabou com a minha bagunça.

Eu não vou mais gritar “Mãããe” quando tiver uma barata no banheiro ou no meu quarto (quando eu gritava, ela já vinha com a sandália, já conhecia).

Eu não vou mais escutar aquele estalo de beijo quando eu chegar em casa, por que ela já não abre mais o portão pra mim, eu abro sozinha.

Eu não vou mais chegar de madrugada e no dia seguinte ela falar “Piriquita (é, ela me chamava assim), eu nem vi a hora que tu chegou”.

Eu não vou mais pedir pra ela passar de fase no candy crush, nem assistir filmes românticos com ela. Lembro que o último que vimos foi “Orgulho e Preconceito”, ela falava que nunca conseguia ver inteiro, ou só o início, ou só o fim. Então, coloquei pra gente ver juntas. Outro que sempre víamos era “Letra e Música”, vimos umas 8 vezes (ou mais), sempre juntas.

Não vou mais chegar em casa, ver ela deitada e perguntar se ela quer uma massagem.

Não vou mais cantar Marisa Monte com ela.

Não vou mais falar que tirei boas notas na faculdade, ou falar sobre meus alunos ou sobre como meu dia foi ruim ou bom.

Não vou mais ter ela do meu lado quando eu me formar, quando eu me casar, quando eu tiver um filho...

Eu não vou mais ter ela do meu lado nesse dia, e como vai ser difícil.

Como eu falei uma vez, o pior da perda não são as lembranças que ficam, mas as que não vão existir.

É recente, é doloroso...

Não falo isso pra terem pena, pra ser consolada, até por que, não importa quantas palavras bonitas eu ouça, nunca vou me sentir consolada.

Quem já perdeu sua mãe, sabe.

Mas toda vez que fraquejo, lembro dela, sempre forte e lembro do quanto ela se importava mais em não ver quem ela amava triste, do que com a doença dela.

Eu devo isso a ela: viver bem, ser feliz, seguir em frente.

Sempre lembrando dela, claro, sentindo falta, claro, mas triste, não... nunca.

Dói, talvez uma dor que não passe nunca, mas uma dor momentânea, porque ninguém é de ferro.

Logo em seguida, lembro daquele sorriso largo, e tudo fica bem de novo.

Mesmo estando ausente, ela tá mais presente do que nunca.

Chorar alivia, mas sorrir fortalece, isso eu aprendi com ela.

Te amo eternamente! (Foto do Dia das Mães do ano passado.)

*Publicado por minha Filha, Scarlett Syssi, em seu Perfil no Facebook no finalzinho do primeiro Dia das Mães sem a Carlinha.

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Sei bem como foi díficil, pois esse tambem foi meu primeiro Dias das Mães sem minha mãe, ela faleceu em Dezembro/2013 e de Cancêr de Mama, tem sido díficil, mas assim como vocês eu tenho vivido um dia de cada vez, seguindo adiante...

    ResponderExcluir
  3. "Ja deves estar em Munique quando leres estas linhas. Iguais a todas as outras, esta carta, embora diferente das demais, te traz uma bela mensagem, uma notícia que, vista sob o ângulo da fé, é deveras alvissareira. Deus exigiu de nós, há poucos dias, um tributo de amor, de fé e de penhorado agradecimento. Ele desceu no seio de nossa família. Olhou-nos um a um e escolheu para si o mais perfeito, o mais santo, o mais maduro, o melhor de todos, o mais próximo d'Ele, o nosso querido Papai. Querido, Deus não o tirou de nós, mas deixou-o mais ainda entre nós. Deus não levou Papai para si, mas deixou-o ainda mais para nós. Ele não arrancou Papai da alegria de nossas férias, mas plantou-o mais fundo na memória de todos nós. Deus não furtou Papai da nossa presença, mas deu-o mais presente. Ele não o levou, mas o deixou. Papai não partiu, mas chegou. Papai não foi, mas veio para que Papai fosse mais Pai ainda, para que Papai estivesse presente hoje e sempre, aqui no Brasil com todos nós, contigo na Alemanha, com o Ruy e o Clodovis em Lovaina e com o Waldemar nos Estados Unidos". Trecho da carta que Leonardo Boff recebeu dos irmãos sobre a morte do pai, descrito no livro "Os Sacramentos da Vida e a Vida dos Sacramentos" (1975).

    ResponderExcluir

Postar um comentário