[HOMENAGEM] - Ao Ícone, Amadeu Teixeira

Teófilo Benarrós de Mesquita
Foto: Mauro Neto/Sejel

Manaus/AM - Não dormi bem essa noite/madrugada...

Após a (quase) cotidiana oração, ao lado do meu filho Raul Carlos, por uma teimosia que tenho tentado combater, ainda fui conferir as mais recentes mensagens do WhatsApp...

Tinha lá, postado pelo Eduardo Monteiro de Paula, no grupo da Imprensa Esportiva Amazonense, o falecimento de Amadeu Teixeira.

Me abateu!

A essa altura, a maioria da população do Brasil e do Mundo já leu, em diversas postagens em diversos meios de comunicação, todo tipo de adjetivo para se referir a Amadeu Teixeira, todos justos, diga-se de passagem.

Amadeu é lendário e icônico.

Por incrível que pareça, apesar de toda a admiração que tenho por ele, eu não lembro de ter trocado palavras com o corretíssimo e unânime Amadeu Teixeira.

Não lembro, sequer, de nos meus tempos de Jornalismo Esportivo, tê-lo entrevistado.

Não que eu não tenha contato ou lembranças com o "sêo" Amadeu. Pelo contrário. Nas últimas horas, aqui e ali, me vem bem vivo na memória diversos momentos. E só então eu chego à conclusão do quanto Amadeu foi, para mim, um Mito.

Comparo a admiração que nutro por ele, à mesma admiração que tenho pelo Mestre Carlos Zamith... Em todas as lembranças que tenho, me vejo afastado, contemplativo, saboreando.

O Mauro Alessandro, amigo que me apresentou ao Zamith, me dizia que quando eu conversava com o Mestre, meus olhos brilhavam e eu ficava em estado hipnótico, escutando as histórias e as estórias do Baú Velho.

E as lembranças que tenho do Amadeu me remetem ao mesmo quadro de espiação, de admiração... Como se eu tivesse, à minha frente, alguém inatingível, por mais simples que fosse o Amadeu Teixeira.

De imediato lembrei de várias entrevistas que ele concedeu na beira do gramado, cercado, respeitosamente, por jovens e veteranos Jornalista.

Para mim, cada palavra dele era uma lição, um aprendizado.

Nem precisava anotar nada. A fala mansa, algumas vezes pausada (ou seria cansada?) ecoava até chegar à Redação, e por muitos outros dias também.

Nos tempos mais recentes, as entrevistas serviam já ao Blog do Teófilo. A fixação das palavras e dos ensinamentos eram com a mesma intensidade.

Nesta fase, as matérias diziam muito mais respeito às Categorias de Base, em razão do afastamento profissional do América/AM desde 2011, ano em que disputou pela última vez o Campeonato Amazonense.

Pacientemente, o treinador do Guiness Book, transmitia aos seus pupilos:
"Não corram mais que a bola!".
"Não deem chutões. Vamos trocar mais passes...".

Ao final dos jogos, quase sempre derrotado em campo, Amadeu Teixeira reunia os garotos, passava a programação da semana, em preparação ao próximo jogo, apelava para que os guris não faltassem aos treinos e distribuía duas passagens de ônibus para os atletas: uma para o retorno às suas residências, e outra para o deslocamento ao próximo treino.

Fazia com resignação. Mas fazia com muito amor e muita esperança no amanhã.

Amanhã que chegou mais pobre...
A manhã que chegou mais vazia...

Sem a presença e sem a luta cotidiana de Amadeu Teixeira.

Vá em paz. Sua Missão foi cumprida. Mais que isso, foi bem cumprida!!!

Com cordiais
Saudações Fastianas!
Teófilo Benarrós de Mesquita

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