Teófilo Benarrós de Mesquita
Fotos: Scarlett Syssi
Manaus/AM
(...)
Fiz planos, desde Agosto de 2018.
Pela primeira vez iria ao Rock in Rio.
Foi tudo planejado !!!
Parte do #Projeto50, em comemoração aos meus 50 Anos.
Tudo muito bem planejado.
Porém, EU NÃO ASSISTI AO SHOW !!!
E, assim mesmo, FOI O MELHOR SHOW DA MINHA VIDA !!!
Vamos lá... Explicando.
Desde o início do #Projeto50 o Raul Carlos esteve incluso.
Minha estreia no Rock in Rio, um sonho alimentado desde 1985, foi concretizada em 2019.
Escolhemos o dia 3 de Outubro, motivada pela presença do Capital Inicial.
Durante o período de planejamento e preparativos, estive tão focado no #Projeto50 e na minha finalmente estreia no Rock in Rio que nem me dei conta que seria o PRIMEIRO SHOW DO RAUL CARLOS.
E em grande estilo, no RiR.
Só me dei conta disso já no Rio de Janeiro/RJ. E evidente, a expectativa quanto a isso só foi crescendo com a proximidade do Show.
Após o deslocamento até a Cidade do Rock, o Raul desembarcou deslumbrado, registrando, por fotos e vídeos, tudo, tudinho, no seu aparelho celular.
Ao entrar na Cidade do Rock, então...
Os olhos brilhavam.
O timbre da voz era frenético.
Os passos eram ora acelerados, ora sem qualquer pressa.
Rápido para chegar na próxima atração.
Devagar para curtir cada momento do que a vista alcançava.
Depois de enfrentarmos duas filas para agendamento dos brinquedos já estava na hora do primeiro Show no Palco Mundi: Capital Inicial.
Começou a inversão do sonho.
O Raul me puxava para o gargarejo. E eu, obeso, sedentário, fora de forma e novamente às voltas com crises sucessivas de labirintite, não tinha argumentos que o fizesse parar.
Quando, finalmente, ele não conseguiu mais romper a barreira de gente que havia chegado mais cedo, não tive alternativa e comecei o improviso, tudo fora do planejado minunciosamente.
Em terras de gente movida Por Um Mundo Melhor, pedi a um desconhecido que o colocasse em meus ombros (aqui em Manaus/AM chamamos de cangote), para ver se ele teria visão do Palco.
Daria certo...
Então pedi novamente ajuda para colocá-lo de volta no chão.
Quando começou a contagem regressiva, ele voltou ao cangote, agora com a ajuda de um segundo desconhecido, já que o primeiro, grandalhão, conseguiu se infiltrar ainda mais para perto do palco, sumindo na multidão.
Na quarta música, eu olhei o relógio: 18h21min e entrei em pânico. "Nâo vou conseguir ir até o fim !!!", foi a primeira sensação.
Meu corpo estava dormente. Eu estava há pouco mais de 21 minutos imóvel, de olhos fechados, de pescoço curvado para baixo, para permitir que o Raulzito curtisse tudo.
Tudo o que eu fazia era ouvir o Show e pedir que Deus (e Carlinha, Mãe do Raul) me dessem forças para resistir até o fim. E que o Capital tocasse, logo, Primeiros Erros, a favorita do Guri.
Quando os acordes da sexta ou sétima canção começou, tudo mudou.
Ainda sem poder olhar para o Palco Mundi, um bálsamo tomou conta das minhas dores corporais ao ouvir a voz pequenina do Raul Carlos cantando, eufórico, "Meu caminho é cada manhã, não procure saber onde vou... Meu destino não é de ninguém e eu não deixo os meu passos no chão...".
Segurei o choro, agradeci aos Céus e passei, só então, a curtir e sentir o Show.
Mas foi tudo passageiro, pois o corpo gritou mais que a emoção.
Metade da próxima música e eu pedi ajuda do jovem roqueiro para tirá-lo de cima do meu quase todo adormecido corpo.
Ainda bem que o Raul aceitou de boa...
Enquanto eu explicava minhas limitações e negociava um prazo para voltá-lo ao seu camarote exclusivo, o Dinho Ouro Preto estragou meu descanso. "Para vocês, qual a melhor banda de Rock Nacional de todos os tempos?".
Caraca !!!
Só me faltava essa...
E, por incrível que pareça, só eu no fuzuê respondi Legião Urbana, já perturbando o jovem à frente, que arregalou os olhos, surpreso: "amigão, me desculpe, mas coloca ele de volta, pois o Capital vai tocar Legião".
Dito e Feito.
Tempo Perdido foi o segundo bálsamo na minha pequena Via Crucis...
Mais uma vez fechei os olhos, para me concentrar e escutar somente a voz de criança do Raul, cantando do início ao fim, "todos os dias quando acordo, não tenho mais, o tempo que passou, mas temos muito tempo... Temos todo tempo do mundo".
Mas a luta era árdua. Fiz um esforço além da minha capacidade e já estava ficando perigoso. Eu balançava, sozinho, igual um João Bobo, e sentia muito medo de dar ruim...
Abusando da amizade alheia, perturbei de novo o rapaz para tirar o Raul, no final de Tempo Perdido. A essa altura já estava convencido a deixar o Show, considerando a missão já cumprida o que, logicamente, não foi aceito por ele.
Na segunda descida do Raul, a moça do lado ensaiou uma repreensão a mim: "você está torturando ele assim. Ele quer assistir ao Show!!!". Ri amarelo e relatei minha situação. Parece que ela entendeu, pois sorriu de volta, com compreensão.
Ficamos algum tempo trocando ideias sobre o que ele já tinha visto, ele sem qualquer visão, nem mesmo do Telão, até que percebi que seria a última música do Show, pelo tempo transcorrido...
"Mano, sei que estou abusando de ti, mas coloca ele de volta nos meus ombros, para ele curtir o final do Show", apelei, quase sem necessidade, pois a essa altura o Raul Carlos já estava tão popular quanto os músicos do Palco Mundi. Pelo menos naquele pedacinho de Mundo Melhor.
Para minha surpresa, o Raul conhecia também a letra de À Sua Maneira, que fechou a apresentação.
Sei nem como consegui terminar.
Prudentemente, avisei a galera em volta que não estava bem e estava com medo de cair, de tanta dormência no corpo. "Qualquer coisa, segura na gente, mas não desce o menino daí", escutei, vindo não sei de onde.
Quando finalmente terminou tudo, eu nem sabia onde estava.
Sentia dormência do solado dos pés até os ombros, tontura e esgotamento total.
Porém, quando olhava o semblante radiante do Raul, tudo passava.
Consegui até dar uma gargalhada quando ele determinou: "Pai, eu não posso faltar a mais nenhuma edição do Rock in Rio".
Obrigado, meu Filho, pelo MELHOR SHOW DA MINHA VIDA !!!
Um abraço do tamanho do Amazonas
Com cordiais
Saudações Fastianas!
Teófilo Benarrós de Mesquita
Fotos: Scarlett Syssi
(...)
Fiz planos, desde Agosto de 2018.
Pela primeira vez iria ao Rock in Rio.
Foi tudo planejado !!!
Parte do #Projeto50, em comemoração aos meus 50 Anos.
Tudo muito bem planejado.
Porém, EU NÃO ASSISTI AO SHOW !!!
E, assim mesmo, FOI O MELHOR SHOW DA MINHA VIDA !!!
Vamos lá... Explicando.
Desde o início do #Projeto50 o Raul Carlos esteve incluso.
Minha estreia no Rock in Rio, um sonho alimentado desde 1985, foi concretizada em 2019.
Escolhemos o dia 3 de Outubro, motivada pela presença do Capital Inicial.
Durante o período de planejamento e preparativos, estive tão focado no #Projeto50 e na minha finalmente estreia no Rock in Rio que nem me dei conta que seria o PRIMEIRO SHOW DO RAUL CARLOS.
E em grande estilo, no RiR.
Só me dei conta disso já no Rio de Janeiro/RJ. E evidente, a expectativa quanto a isso só foi crescendo com a proximidade do Show.
Após o deslocamento até a Cidade do Rock, o Raul desembarcou deslumbrado, registrando, por fotos e vídeos, tudo, tudinho, no seu aparelho celular.
Ao entrar na Cidade do Rock, então...
Os olhos brilhavam.
O timbre da voz era frenético.
Os passos eram ora acelerados, ora sem qualquer pressa.
Rápido para chegar na próxima atração.
Devagar para curtir cada momento do que a vista alcançava.
Depois de enfrentarmos duas filas para agendamento dos brinquedos já estava na hora do primeiro Show no Palco Mundi: Capital Inicial.
Começou a inversão do sonho.
O Raul me puxava para o gargarejo. E eu, obeso, sedentário, fora de forma e novamente às voltas com crises sucessivas de labirintite, não tinha argumentos que o fizesse parar.
Quando, finalmente, ele não conseguiu mais romper a barreira de gente que havia chegado mais cedo, não tive alternativa e comecei o improviso, tudo fora do planejado minunciosamente.
Daria certo...
Então pedi novamente ajuda para colocá-lo de volta no chão.
Quando começou a contagem regressiva, ele voltou ao cangote, agora com a ajuda de um segundo desconhecido, já que o primeiro, grandalhão, conseguiu se infiltrar ainda mais para perto do palco, sumindo na multidão.
Na quarta música, eu olhei o relógio: 18h21min e entrei em pânico. "Nâo vou conseguir ir até o fim !!!", foi a primeira sensação.
Meu corpo estava dormente. Eu estava há pouco mais de 21 minutos imóvel, de olhos fechados, de pescoço curvado para baixo, para permitir que o Raulzito curtisse tudo.
Tudo o que eu fazia era ouvir o Show e pedir que Deus (e Carlinha, Mãe do Raul) me dessem forças para resistir até o fim. E que o Capital tocasse, logo, Primeiros Erros, a favorita do Guri.
Quando os acordes da sexta ou sétima canção começou, tudo mudou.
Ainda sem poder olhar para o Palco Mundi, um bálsamo tomou conta das minhas dores corporais ao ouvir a voz pequenina do Raul Carlos cantando, eufórico, "Meu caminho é cada manhã, não procure saber onde vou... Meu destino não é de ninguém e eu não deixo os meu passos no chão...".
Segurei o choro, agradeci aos Céus e passei, só então, a curtir e sentir o Show.
Mas foi tudo passageiro, pois o corpo gritou mais que a emoção.
Metade da próxima música e eu pedi ajuda do jovem roqueiro para tirá-lo de cima do meu quase todo adormecido corpo.
Ainda bem que o Raul aceitou de boa...
Enquanto eu explicava minhas limitações e negociava um prazo para voltá-lo ao seu camarote exclusivo, o Dinho Ouro Preto estragou meu descanso. "Para vocês, qual a melhor banda de Rock Nacional de todos os tempos?".
Caraca !!!
Só me faltava essa...
E, por incrível que pareça, só eu no fuzuê respondi Legião Urbana, já perturbando o jovem à frente, que arregalou os olhos, surpreso: "amigão, me desculpe, mas coloca ele de volta, pois o Capital vai tocar Legião".
Dito e Feito.
Tempo Perdido foi o segundo bálsamo na minha pequena Via Crucis...
Mais uma vez fechei os olhos, para me concentrar e escutar somente a voz de criança do Raul, cantando do início ao fim, "todos os dias quando acordo, não tenho mais, o tempo que passou, mas temos muito tempo... Temos todo tempo do mundo".
Mas a luta era árdua. Fiz um esforço além da minha capacidade e já estava ficando perigoso. Eu balançava, sozinho, igual um João Bobo, e sentia muito medo de dar ruim...
Abusando da amizade alheia, perturbei de novo o rapaz para tirar o Raul, no final de Tempo Perdido. A essa altura já estava convencido a deixar o Show, considerando a missão já cumprida o que, logicamente, não foi aceito por ele.
Na segunda descida do Raul, a moça do lado ensaiou uma repreensão a mim: "você está torturando ele assim. Ele quer assistir ao Show!!!". Ri amarelo e relatei minha situação. Parece que ela entendeu, pois sorriu de volta, com compreensão.
"Mano, sei que estou abusando de ti, mas coloca ele de volta nos meus ombros, para ele curtir o final do Show", apelei, quase sem necessidade, pois a essa altura o Raul Carlos já estava tão popular quanto os músicos do Palco Mundi. Pelo menos naquele pedacinho de Mundo Melhor.
Para minha surpresa, o Raul conhecia também a letra de À Sua Maneira, que fechou a apresentação.
Sei nem como consegui terminar.
Prudentemente, avisei a galera em volta que não estava bem e estava com medo de cair, de tanta dormência no corpo. "Qualquer coisa, segura na gente, mas não desce o menino daí", escutei, vindo não sei de onde.
Quando finalmente terminou tudo, eu nem sabia onde estava.
Sentia dormência do solado dos pés até os ombros, tontura e esgotamento total.
Porém, quando olhava o semblante radiante do Raul, tudo passava.
Consegui até dar uma gargalhada quando ele determinou: "Pai, eu não posso faltar a mais nenhuma edição do Rock in Rio".
Obrigado, meu Filho, pelo MELHOR SHOW DA MINHA VIDA !!!
Um abraço do tamanho do Amazonas
Com cordiais
Saudações Fastianas!
Teófilo Benarrós de Mesquita
Que história linda de superação e de AMOR a seu filho Theo, um dia ELE dirá com muito orgulho q o primeiro RIR dele foi com o MELHIR pai do mundo!!!
ResponderExcluirObrigado, Kátia Reis.
ResponderExcluirFoi, de fato, um dia inesquecível.
O primeiro de muitos RiR