Lincoln Chaves
Agência Brasil de Comunicação
www.agenciabrasil.ebc.gov.br
Foto: Lucas Figueiredo - CBF
São Paulo/SP - "Brasil campeão tem 13 letras". Escutar essa frase é lembrar de Mário Jorge Lobo Zagallo. Uma das razões é o apego dele ao número 13, que surgiu com a esposa Alcina, devota de Santo Antônio (cuja data é comemorada em um dia 13). A outra é a história vitoriosa, de mais de meio século, dedicada à seleção brasileira – dentro ou fora de campo.
Simplesmente quatro dos cinco títulos mundiais da seleção amarelinha tiveram participação do Velho Lobo: dois como atleta, um como técnico e um como coordenador técnico.
Mário Jorge Lobo Zagallo morreu às 23:41 desta sexta-feira (05/01). O Velho Lobo, tetracampeão mundial como jogador, técnico e auxiliar técnico com a Seleção Brasileira, tinha 92 anos.
O Hospital Barra D'Or, onde o ídolo estava internado desde o final do ano passado, comunicou que ele não resistiu a uma falência múltipla de órgãos resultante de progressão de múltiplas comorbidades previamente existentes.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decretou também luto de sete dias em homenagem à memória do seu eterno campeão. Em nota, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues lamentou a morte da "lenda".
O velório será na sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro/RJ, a partir das 9h30min deste domingo (07/01). A solenidade será aberta ao público.
O sepultamento ocorrerá às 16 horas do mesmo domingo (07/01) no Cemitério São João Batista.
TRAJETÓRIA
Zagallo era alagoano de Atalaia/AL, nascido em 8 de agosto de 1931. Antes de completar um ano, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro/RJ.
O talento com a bola nos pés chamou atenção na peneira em que foi aprovado para o time infantil do América/RJ, na Tijuca, bairro da zona Norte carioca onde morava.
Pelo Mecão, foi Campeão Carioca de Amadores em 1949, como Juvenil, antes de se transferir para o Flamengo/RJ.
Antes de brilhar no Rubro-Negro, onde foi Tricampeão Carioca (1953 a 1955), ele foi recrutado pelo Exército.
Em 1950, trabalhando como segurança no Maracanã, viu de perto o uruguaio Alcides Ghiggia silenciar o Maior do Mundo e adiar o sonho do então inédito título mundial brasileiro. História que o então soldado Zagallo ajudaria a mudar anos depois.
A conquista da Taça Oswaldo Cruz (disputada pelas Seleções de Brasil e Paraguai) em 1958 foi o começo da trajetória de Zagallo na Seleção.
Ele vestiu a amarelinha em 36 ocasiões e marcou seis gols. Um na final da Copa do Mundo daquele ano, na vitória por 5-2 sobre a anfitriã Suécia, estampando a primeira estrela no peito brasileiro.
E o ponta-esquerda deixou clara a importância tática – defensiva e ofensiva – que lhe rendeu o apelido "Formiguinha".
Foi também em 1958 que a passagem de Zagallo pelo Flamengo/RJ chegou ao fim, com a mudança para o Botafogo/RJ.
Foram sete anos na Estrela Solitária, ao lado de Nilton Santos, Didi e Garrincha, com dois títulos cariocas (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964).
Foi também vestindo a camisa alvinegra que o ponta-esquerda ajudou o Brasil a erguer a taça Jules Rimet pela segunda vez, em 1962, no Chile.
TREINADOR
Zagallo deixou os gramados aos 34 anos, iniciando a carreira como treinador. Em 1966, assumiu justamente o Botafogo/RJ, sendo Bicampeão Carioca (1967 e 1968) e conduzindo o Glorioso ao primeiro título brasileiro, em 1968.
Às vésperas da Copa do Mundo de 1970, o Velho Lobo foi chamado para comandar o Brasil no México. Ele teria menos de cem dias para trabalhar. Ainda assim, decidiu mexer no time que era de João Saldanha.
Uma das alterações mais marcantes foi a escolha dos cinco jogadores mais avançados. Com Gérson, Rivellino, Tostão, Pelé e Jairzinho, todos camisas 10 nos respectivos clubes, a seleção conquistou o Tri.
Após dirigir o Brasil na Copa de 1974, Zagallo passou por diferentes clubes e países (Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos), até retornar à Seleção em 1991, como coordenador técnico.
Ao lado de Carlos Alberto Parreira, fez parte da comissão do Tetracampeonato Mundial, sendo escolhido para suceder o treinador Campeão.
A nova passagem à frente da amarelinha teve momentos amargos, como a eliminação na Semifinal da Olimpíada de Atlanta (Estados Unidos) para a Nigéria, mas também de conquistas, como a da Copa das Confederações e da Copa América, ambos em 1997.
Esta última foi especial, por ser a primeira do Brasil longe de casa. Após derrotar a anfitriã Bolívia na final, por 3-1, na altitude de La Paz, o Velho Lobo disparou contra os críticos a famosa frase: "Vocês vão ter que me engolir!".
O vice-campeonato mundial na França, em 1998, deu fim à segunda passagem de Zagallo no comando da Seleção Brasileira.
Ele dirigiu Portuguesa/SP e Flamengo/SJ (onde venceu o Carioca e a Copa dos Campeões de 2001) antes de, depois do penta, em 2002, reeditar a parceria com Parreira, novamente como coordenador técnico.
A dupla levantou as taças das Copas América de 2004 e das Confederações de 2005. O adeus nas Quartas de Final da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, foi também o último trabalho do Velho Lobo, aos 75 anos.
Foram 135 partidas à frente do Brasil, com 79,7% de aproveitamento, sendo o treinador com mais jogos no comando da Seleção.
Como coordenador, ele participou de outros 72 jogos (65,7% de aproveitamento).
Pois é, "Zagallo craque" não tem 13 letras à toa.
Agência Brasil de Comunicação
www.agenciabrasil.ebc.gov.br
Foto: Lucas Figueiredo - CBF
São Paulo/SP - "Brasil campeão tem 13 letras". Escutar essa frase é lembrar de Mário Jorge Lobo Zagallo. Uma das razões é o apego dele ao número 13, que surgiu com a esposa Alcina, devota de Santo Antônio (cuja data é comemorada em um dia 13). A outra é a história vitoriosa, de mais de meio século, dedicada à seleção brasileira – dentro ou fora de campo.
Simplesmente quatro dos cinco títulos mundiais da seleção amarelinha tiveram participação do Velho Lobo: dois como atleta, um como técnico e um como coordenador técnico.
Mário Jorge Lobo Zagallo morreu às 23:41 desta sexta-feira (05/01). O Velho Lobo, tetracampeão mundial como jogador, técnico e auxiliar técnico com a Seleção Brasileira, tinha 92 anos.
O Hospital Barra D'Or, onde o ídolo estava internado desde o final do ano passado, comunicou que ele não resistiu a uma falência múltipla de órgãos resultante de progressão de múltiplas comorbidades previamente existentes.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decretou também luto de sete dias em homenagem à memória do seu eterno campeão. Em nota, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues lamentou a morte da "lenda".
"A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas maiores lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo. A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol".
O velório será na sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro/RJ, a partir das 9h30min deste domingo (07/01). A solenidade será aberta ao público.
O sepultamento ocorrerá às 16 horas do mesmo domingo (07/01) no Cemitério São João Batista.
TRAJETÓRIA
Zagallo era alagoano de Atalaia/AL, nascido em 8 de agosto de 1931. Antes de completar um ano, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro/RJ.
O talento com a bola nos pés chamou atenção na peneira em que foi aprovado para o time infantil do América/RJ, na Tijuca, bairro da zona Norte carioca onde morava.
Pelo Mecão, foi Campeão Carioca de Amadores em 1949, como Juvenil, antes de se transferir para o Flamengo/RJ.
Antes de brilhar no Rubro-Negro, onde foi Tricampeão Carioca (1953 a 1955), ele foi recrutado pelo Exército.
Em 1950, trabalhando como segurança no Maracanã, viu de perto o uruguaio Alcides Ghiggia silenciar o Maior do Mundo e adiar o sonho do então inédito título mundial brasileiro. História que o então soldado Zagallo ajudaria a mudar anos depois.
A conquista da Taça Oswaldo Cruz (disputada pelas Seleções de Brasil e Paraguai) em 1958 foi o começo da trajetória de Zagallo na Seleção.
Ele vestiu a amarelinha em 36 ocasiões e marcou seis gols. Um na final da Copa do Mundo daquele ano, na vitória por 5-2 sobre a anfitriã Suécia, estampando a primeira estrela no peito brasileiro.
E o ponta-esquerda deixou clara a importância tática – defensiva e ofensiva – que lhe rendeu o apelido "Formiguinha".
Foi também em 1958 que a passagem de Zagallo pelo Flamengo/RJ chegou ao fim, com a mudança para o Botafogo/RJ.
Foram sete anos na Estrela Solitária, ao lado de Nilton Santos, Didi e Garrincha, com dois títulos cariocas (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964).
Foi também vestindo a camisa alvinegra que o ponta-esquerda ajudou o Brasil a erguer a taça Jules Rimet pela segunda vez, em 1962, no Chile.
TREINADOR
Zagallo deixou os gramados aos 34 anos, iniciando a carreira como treinador. Em 1966, assumiu justamente o Botafogo/RJ, sendo Bicampeão Carioca (1967 e 1968) e conduzindo o Glorioso ao primeiro título brasileiro, em 1968.
Às vésperas da Copa do Mundo de 1970, o Velho Lobo foi chamado para comandar o Brasil no México. Ele teria menos de cem dias para trabalhar. Ainda assim, decidiu mexer no time que era de João Saldanha.
Uma das alterações mais marcantes foi a escolha dos cinco jogadores mais avançados. Com Gérson, Rivellino, Tostão, Pelé e Jairzinho, todos camisas 10 nos respectivos clubes, a seleção conquistou o Tri.
Após dirigir o Brasil na Copa de 1974, Zagallo passou por diferentes clubes e países (Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos), até retornar à Seleção em 1991, como coordenador técnico.
Ao lado de Carlos Alberto Parreira, fez parte da comissão do Tetracampeonato Mundial, sendo escolhido para suceder o treinador Campeão.
A nova passagem à frente da amarelinha teve momentos amargos, como a eliminação na Semifinal da Olimpíada de Atlanta (Estados Unidos) para a Nigéria, mas também de conquistas, como a da Copa das Confederações e da Copa América, ambos em 1997.
Esta última foi especial, por ser a primeira do Brasil longe de casa. Após derrotar a anfitriã Bolívia na final, por 3-1, na altitude de La Paz, o Velho Lobo disparou contra os críticos a famosa frase: "Vocês vão ter que me engolir!".
O vice-campeonato mundial na França, em 1998, deu fim à segunda passagem de Zagallo no comando da Seleção Brasileira.
Ele dirigiu Portuguesa/SP e Flamengo/SJ (onde venceu o Carioca e a Copa dos Campeões de 2001) antes de, depois do penta, em 2002, reeditar a parceria com Parreira, novamente como coordenador técnico.
A dupla levantou as taças das Copas América de 2004 e das Confederações de 2005. O adeus nas Quartas de Final da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, foi também o último trabalho do Velho Lobo, aos 75 anos.
Foram 135 partidas à frente do Brasil, com 79,7% de aproveitamento, sendo o treinador com mais jogos no comando da Seleção.
Como coordenador, ele participou de outros 72 jogos (65,7% de aproveitamento).
Pois é, "Zagallo craque" não tem 13 letras à toa.
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