Alana Granda
Agência Brasil de Comunicação
www.agenciabrasil.ebc.gov.br
Foto: ONG Nóiz - Divulgação
Rio de Janeiro/RJ - Considerada uma das regiões mais perigosas da capital fluminense - devido a confrontos nas favelas da área - o bairro da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro/RJ, ganhou uma faixa dias antes da Operação Convenção, chamando a atenção de autoridades para preservar a vida das famílias durante incursões policiais com auxílio de helicópteros.
A faixa foi colocada no último dia 24, no telhado da ONG (Organização Não Governamental) Nóiz, localizada no coração da Cidade de Deus, em área conhecida como Karatê-Rocinha 2.
O alerta diz
A casa, grafitada em cores vibrantes, onde a ONG Nóiz funciona desde 2018, já foi alvo de tiros vindos de helicópteros, que destruíram uma caixa d’água, há quatro anos.
“A gente precisava chamar a atenção de alguma maneira para dizer que, embora saibamos que a comunidade toda tem famílias, crianças, aqui, em especial, a gente passa o dia inteiro em atividade”, disse o presidente da ONG, André Melo.
“Sempre foi temeroso ser alvo de helicóptero. Então, decidimos colocar a faixa para chamar a atenção das autoridades”, completa
André Melo reforça que a região já foi objeto de incursões sérias da polícia e a preocupação era que as equipes da ONG e as pessoas da comunidade assistidas não corressem risco de morte no local.
ATENDIMENTOS
Atualmente, estão cadastradas na ONG 250 crianças. Entre crianças, jovens e adultos que frequentam o local diariamente, são cerca de 120 pessoas.
A Organização funciona de segunda-feira a sábado, das 8 horas às 18 horas. Há atividades regulares que ocorrem no contra turno das crianças nas escolas.
“A gente tem Dança Contemporânea, Balett, Teatro, Jiu-Jítsu, reforço escolar, tem um projeto de apoio à alfabetização chamado Soletrar, tem uma lan house social disponível para acesso à internet. Isso é comunitário, qualquer pessoa pode usar”, cita Melo.
Além disso, a ONG Nóiz disponibiliza para a população local uma Biblioteca que funciona desde a manhã até as 18 horas, apoio psicológico, além de terapeuta ocupacional para ajudar no tratamento de 8 crianças autistas.
“Isso tudo funciona durante a semana”.
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Aos sábados, há a atividade chamada Sábado do Acolhimento, que atende entre 40 e 50 crianças que realizam atividades lúdicas no local.
Outras ações no sábado incluem o Pré-Vestibular Social, em que os jovens entram às 8 horas e saem à tarde, preparando-se para o ingresso na Universidade, além do plantão da assistente social, que começa cedo e se encerra às 13 horas.
Questionado se a colocação de faixas semelhantes em outras comunidades ajudaria a diminuir tragédias, como a resultante da Operação Convenção, realizada pelo governo do estado na última terça-feira (28/10), André Melo ressaltou que é necessário que se tente fazer tudo o que for possível para chamar a atenção e para que as autoridades tenham mais cuidado.
“A gente não tem certeza se isso (faixa) é eficaz, porque não sabe o que passa pela cabeça das pessoas, principalmente de cima para baixo”.
Ele acredita, porém, que tudo é válido para se tentar de alguma maneira diminuir um pouco a sensação de insegurança nas comunidades.
André Melo não é cria de favela, mas virou um empreendedor social.
“Eu moro no asfalto, aprendi a viver aqui hoje. Larguei tudo na minha vida e estou na ONG todo dia, das 10 horas às 18 horas”.
“Sou publicitário de formação. Então, se aprende com outro olhar a entender de fato o que é isso aqui e se cercar de possibilidades, de alternativas, para se proteger também”, argumenta.
Ele acredita que mesmo que se estendesse uma faixa branca nas favelas do Rio de Janeiro/RJ, apenas com a palavra escrita PAZ, já seria válido.
A ONG Nóiz conta com voluntários que se dedicam ao projeto diariamente, “com o coração”, embora os professores sejam pagos. Trabalham no local 15 pessoas.
“Todos estão dentro do mesmo propósito. O trabalho é realizado muito em função do que a comunidade demanda”, explica o presidente da ONG.
“Ações relativas à saúde mental têm sido acompanhadas de palestras de psiquiatras sobre o tema, há atendimento psicológico com as mães e as grávidas são acompanhadas até os seis meses de vida dos bebês, por exemplo”.
“São estruturas que a gente vai montando para atender a comunidade”, afirma.
Na avaliação de André Melo, o Estado não cria referências para as crianças e jovens das comunidades, ou seja, não tem um olhar para elas.
Ele sugeriu que os projetos de organizações não governamentais, que dão certo, deveriam ser mapeados e replicados pelo Governo.
“A gente tem uma fila muito grande de espera de famílias que querem botar as crianças aqui e nota, perfeitamente, que existe um desespero por conta delas de colocar as crianças para terem referências aqui dentro”.
Melo lamentou que o Estado não enxergue a maneira de tentar transformar as crianças e jovens com um outro olhar. “É o que a gente tenta fazer aqui”.
Ele concluiu que, enquanto a sociedade olhar para as comunidades de forma apartada, como se morassem em outro mundo, nada vai dar certo.
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Foto: ONG Nóiz - Divulgação
Rio de Janeiro/RJ - Considerada uma das regiões mais perigosas da capital fluminense - devido a confrontos nas favelas da área - o bairro da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro/RJ, ganhou uma faixa dias antes da Operação Convenção, chamando a atenção de autoridades para preservar a vida das famílias durante incursões policiais com auxílio de helicópteros.
A faixa foi colocada no último dia 24, no telhado da ONG (Organização Não Governamental) Nóiz, localizada no coração da Cidade de Deus, em área conhecida como Karatê-Rocinha 2.
O alerta diz
“Calma! Aqui tem sonhos, crianças e famílias”.
A casa, grafitada em cores vibrantes, onde a ONG Nóiz funciona desde 2018, já foi alvo de tiros vindos de helicópteros, que destruíram uma caixa d’água, há quatro anos.
“A gente precisava chamar a atenção de alguma maneira para dizer que, embora saibamos que a comunidade toda tem famílias, crianças, aqui, em especial, a gente passa o dia inteiro em atividade”, disse o presidente da ONG, André Melo.
“Sempre foi temeroso ser alvo de helicóptero. Então, decidimos colocar a faixa para chamar a atenção das autoridades”, completa
André Melo reforça que a região já foi objeto de incursões sérias da polícia e a preocupação era que as equipes da ONG e as pessoas da comunidade assistidas não corressem risco de morte no local.
ATENDIMENTOS
Atualmente, estão cadastradas na ONG 250 crianças. Entre crianças, jovens e adultos que frequentam o local diariamente, são cerca de 120 pessoas.
A Organização funciona de segunda-feira a sábado, das 8 horas às 18 horas. Há atividades regulares que ocorrem no contra turno das crianças nas escolas.
“A gente tem Dança Contemporânea, Balett, Teatro, Jiu-Jítsu, reforço escolar, tem um projeto de apoio à alfabetização chamado Soletrar, tem uma lan house social disponível para acesso à internet. Isso é comunitário, qualquer pessoa pode usar”, cita Melo.
Além disso, a ONG Nóiz disponibiliza para a população local uma Biblioteca que funciona desde a manhã até as 18 horas, apoio psicológico, além de terapeuta ocupacional para ajudar no tratamento de 8 crianças autistas.
“Isso tudo funciona durante a semana”.
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Aos sábados, há a atividade chamada Sábado do Acolhimento, que atende entre 40 e 50 crianças que realizam atividades lúdicas no local.
Outras ações no sábado incluem o Pré-Vestibular Social, em que os jovens entram às 8 horas e saem à tarde, preparando-se para o ingresso na Universidade, além do plantão da assistente social, que começa cedo e se encerra às 13 horas.
Questionado se a colocação de faixas semelhantes em outras comunidades ajudaria a diminuir tragédias, como a resultante da Operação Convenção, realizada pelo governo do estado na última terça-feira (28/10), André Melo ressaltou que é necessário que se tente fazer tudo o que for possível para chamar a atenção e para que as autoridades tenham mais cuidado.
“A gente não tem certeza se isso (faixa) é eficaz, porque não sabe o que passa pela cabeça das pessoas, principalmente de cima para baixo”.
Ele acredita, porém, que tudo é válido para se tentar de alguma maneira diminuir um pouco a sensação de insegurança nas comunidades.
André Melo não é cria de favela, mas virou um empreendedor social.
“Eu moro no asfalto, aprendi a viver aqui hoje. Larguei tudo na minha vida e estou na ONG todo dia, das 10 horas às 18 horas”.
“Sou publicitário de formação. Então, se aprende com outro olhar a entender de fato o que é isso aqui e se cercar de possibilidades, de alternativas, para se proteger também”, argumenta.
Ele acredita que mesmo que se estendesse uma faixa branca nas favelas do Rio de Janeiro/RJ, apenas com a palavra escrita PAZ, já seria válido.
A ONG Nóiz conta com voluntários que se dedicam ao projeto diariamente, “com o coração”, embora os professores sejam pagos. Trabalham no local 15 pessoas.
“Todos estão dentro do mesmo propósito. O trabalho é realizado muito em função do que a comunidade demanda”, explica o presidente da ONG.
“Ações relativas à saúde mental têm sido acompanhadas de palestras de psiquiatras sobre o tema, há atendimento psicológico com as mães e as grávidas são acompanhadas até os seis meses de vida dos bebês, por exemplo”.
“São estruturas que a gente vai montando para atender a comunidade”, afirma.
Na avaliação de André Melo, o Estado não cria referências para as crianças e jovens das comunidades, ou seja, não tem um olhar para elas.
Ele sugeriu que os projetos de organizações não governamentais, que dão certo, deveriam ser mapeados e replicados pelo Governo.
“A gente tem uma fila muito grande de espera de famílias que querem botar as crianças aqui e nota, perfeitamente, que existe um desespero por conta delas de colocar as crianças para terem referências aqui dentro”.
Melo lamentou que o Estado não enxergue a maneira de tentar transformar as crianças e jovens com um outro olhar. “É o que a gente tenta fazer aqui”.
Ele concluiu que, enquanto a sociedade olhar para as comunidades de forma apartada, como se morassem em outro mundo, nada vai dar certo.
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