Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem têm mandatos cassados

Luciano Nascimento
Foto: Carolina Antunes - Presidência da República
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Agência Brasil de Comunicação
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São Luís/MA - A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu cassar os mandatos dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL/SP) e Alexandre Ramagem (PL/RJ).

Os atos que determina a perda dos mandatos foram publicados nesta quinta-feira (18/12) em edição extra do Diário da Câmara dos Deputados.

Além do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), assinam as cassações o primeiro e segundo vice-presidentes, Altineu Côrtes (PL/RJ) e Elmar Nascimento (União Brasil/BA); e os primeiro, segundo, terceiro e quarto secretários: Carlos Veras (PT/PE), Lula da Fonte (PP/PE), Delegada Katarina (PSD/SE) e Sergio Souza (MDB/PR).

A Mesa cassou o mandato de Eduardo Bolsonaro por faltas, devido ao fato de o deputado ter deixado de comparecer à terça parte das sessões deliberativas da Câmara dos Deputados, conforme prevê a Constituição.

Em Março, Eduardo Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos e pediu licença do mandato parlamentar.

A licença terminou em 21 de Julho, mas o parlamentar não retornou ao Brasil e já acumulava um número expressivo de faltas não justificadas nas sessões plenárias.

Em Setembro, Motta rejeitou a indicação do deputado para exercer a liderança da minoria na Casa, com o argumento de não haver possibilidade do exercício de mandato parlamentar estando ausente do território nacional.

Eduardo Bolsonaro também é réu em processo no STF (Supremo Tribunal Federal) por promover sanções contra o Brasil para evitar o julgamento de seu pai, Jair Bolsonaro, pela trama golpista.

No caso de Alexandre Ramagem, a cassação foi aplicada após o Supremo Tribunal Federal ter definido a perda de mandato no julgamento da tentativa de Golpe de Estado. Ele foi condenado a 16 anos de prisão.

Ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Jair Bolsonaro, Ramagem está foragido em Miami, nos Estados Unidos.

Desde Setembro, Ramagem apresentava atestados médicos para justificar sua ausência na Câmara.

Após a descoberta da fuga, a Câmara informou que a Casa não foi comunicada sobre o afastamento do parlamentar do território nacional nem autorizou nenhuma missão oficial de Ramagem no exterior.

REPERCUSSÃO
O líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que recebeu uma ligação de Hugo Motta relatando a cassação. O deputado disse ainda considerar a decisão grave.

“Trata-se de uma decisão grave, que lamentamos profundamente e que representa mais um passo no esvaziamento da soberania do Parlamento. Não se trata de um ato administrativo rotineiro. É uma decisão política que retira do plenário o direito de deliberar e transforma a Mesa em instrumento de validação automática de pressões externas. Quando mandatos são cassados sem o voto dos deputados, o Parlamento deixa de ser Poder e passa a ser tutelado”, escreveu na rede social X.

O líder da Federação PT, PCdoB e PV, Lindbergh Farias (PT/RJ), comemorou a decisão afirmando que a cassação extingue a “bancada dos foragidos”.

“Somados, os dois casos deixam um recado institucional inequívoco no sentido de que ou o mandato é exercido nos limites da Constituição e da Lei, ou ele se perde, seja pela condenação criminal definitiva, seja pela ausência reiterada e pela renúncia de fato às funções parlamentares”, afirmou.

Segundo Lindbergh, o mandato parlamentar não deve ser escudo contra a justiça e nem salvo-conduto para o abandono das funções públicas.

“A perda do mandato, em ambos os casos, constitui efeito constitucional objetivo que independe de julgamento discricionário ou político (artigo 55, parágrafo 3°, da CF). Como sempre defendemos, à Mesa coube apenas declarar a vacância, sob pena de usurpação da competência do Judiciário e violação frontal à separação dos Poderes, pois o mandato parlamentar não é escudo contra a Justiça e nem salvo-conduto para o abandono das funções públicas”, finalizou.

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