Produção de resíduos cresce em 2024 e destinação adequada melhora

Fabíola Sinimbú
Foto: Marcello Casal Júnior
Agência Brasil de Comunicação
www.agenciabrasil.ebc.gov.br
Brasília/DF - Em 2024, o Brasil gerou 81,6 milhões de toneladas de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), registrando um crescimento de 0,75% em relação ao ano anterior.

Desse total, a maior parte – 76,4 milhões de toneladas (93,7%) – foi coletada, sendo que 41,4 milhões de toneladas (59,7%) receberam a destinação ambientalmente adequada e foram destinadas a um aterro sanitário.

O volume total de RSU gerado equivale a uma média de 384 quilos por habitante ao ano ou 1,241 quilo ao dia, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, lançado pela Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente), na noite desta segunda-feira (08/12).

Apesar de a disposição final inadequada ainda representar 40,3% do total de resíduos gerados no Brasil, o dado revela uma melhora em relação ao ano anterior.

À época, 41,5% do RSU gerado foi lançado em locais não apropriados, como lixões ou enterrado na propriedade geradora.

“No ano em que o Brasil proibiu todas as formas de destinação irregular dos resíduos coletados nos municípios, ainda estimamos a existência de quase 3 mil lixões que recebem passivos ambientais que colocam a saúde pública em risco, mas que poderiam se tornar ativos econômicos para o país”, destaca o presidente da Abrema, Pedro Maranhão.

Em 2024, 7,1 milhões de toneladas de resíduos secos foram enviados à reciclagem, o equivalente a 8,7% do RSU gerado.

Desse volume, 2,5 milhões de toneladas tiveram origem no serviço público de coleta e 4,6 milhões de toneladas foram coletados de maneira informal e transportados diretamente para a reciclagem.

Aproximadamente 2,5 milhões de toneladas (52%) desse material foi recuperado, e o restante foi encaminhado para disposição final como rejeito.

Pela primeira vez, o estudo incluiu uma análise sobre reaproveitamento de resíduos orgânicos ou não recicláveis destinados à produção de energia.

No relatório, foram considerados CDR (Combustível Derivado de Resíduo), produção de biogás e biometano e compostagem para estabelecer o conceito de reciclagem bioenergética.

Segundo Antônio Januzzi, diretor técnico da Abrema que integrou a equipe responsável pelo relatório, a metodologia unificou em um único dado o reaproveitamento de materiais orgânicos e outros inviabilizados para reciclagem de secos, como papéis sujos de materiais orgânicos.

“A própria Política Nacional de Resíduos define que a gente pode considerar reciclagem, o uso de resíduos na geração de outros elementos que possam ser aproveitados”.

Os dados revelam que a reciclagem bioenergética alcança um percentual maior de resíduos orgânicos que a prática de recuperação de materiais empregada para reciclagem de resíduos secos, como papel, vidro, plástico e alumínio.

Ao quantificar de forma unificada, enquanto a transformação de orgânicos em energia ou composto abrange 11,7% do total de resíduos gerados, a reciclagem mecânica de secos chega a 8,7%.

LOGÍSTICA REVERSA
A Edição do Panorama deste ano, que tem como ano-base 2024, também inclui uma análise da situação da logística reversa no país a partir dos 13 sistemas existentes: agrotóxicos, baterias de chumbo ácido, eletrônicos, embalagens de aço, de vidro, de óleo lubrificante e embalagens em geral, óleos lubrificantes usados, lâmpadas, latas de alumínio, medicamentos, pilhas e pneus.

Segundo Jannuzi, os dados são positivos de forma geral, mostrando uma evolução na adução de um modelo de economia cíclica no país.

“Este ano, a gente teve a publicação do Decreto 12.688/2025, também chamado de Decreto do Plástico, que vai fazer crescer de 13 para 14 os materiais que serão incluídos nessa economia cíclica. E isso também é um impulsionador importante dentro da cadeia da gestão de resíduos”, conclui.

Em nota enviada à Agência Brasil, a CNM (Confederação Nacional de Municípios) aponta que os municípios com até 50 mil habitantes são os que mais demandam apoio para eliminar lixões e implantar aterros sanitários.

"O encerramento de lixões e a implantação e operação de aterros sanitários exigem atuação federativa, com União e Estados apoiando os municípios técnica e financeiramente", defende a entidade.

A CNM avalia há vários desafios para a implantação de aterros sanitários, como o alto custo de operação e a dificuldade de encontrar áreas que atendam aos critérios da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que levam em conta, por exemplo, o tipo de solo e a proximidade com lençol freático e com área urbana.

"Para algumas regiões, como o Norte do país, torna-se quase impossível encontrar um local que consiga atender todas as exigências", diz trecho da nota da CNM.

"Não obstante, em alguns estados com municípios com grande extensão territorial e pequeno porte populacional, os consórcios ficam inviáveis, pois para conseguir contar mais de 100 mil habitantes passam a ser necessárias estações de transbordo, aumentando o custo", complementa.

"Porém, municípios de pequeno porte não dispõem de recursos financeiros suficientes, motivos pelos quais a CNM reforça a necessidade de atuação federativa para o Brasil encerrar todos os lixões".

Sobre o potencial para uso dos resíduos na geração de energia, a Confederação destaca que esse reaproveitamento tem alto custo e cita estudos que apontam sua viabilidade apenas para municípios ou consórcios com mais de 300 mil habitantes.

"A CNM alerta que a geração de energia deve se basear em rejeitos [resíduos sem viabilidade para reciclagem], de modo a não gerar exclusão social de catadores e catadoras", acrescenta a nota.

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