[ESPECIAL - A HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO] - 1950 - Em sua segunda participação, o Uruguai é bicampeão

1950 - Em sua segunda participação, o Uruguai é bicampeão

Por Teófilo Benarrós de Mesquita

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Jules Rimet retomou seu sonho. E agora, mais do que nunca, o futebol precisaria ser usado como instrumento de aproximação entre os povos.

Mas a realização do Mundial, mais uma vez, não foi tão simples como se possa imaginar nos dias de hoje.

Apesar do fim da guerra, ainda havia tensão entre os países do mundo e, encontrar uma sede que oferecesse segurança e condições favoráveis a todos, era uma difícil tarefa, pois a Europa ainda vivia as consequências do conflito mundial.

Assim, estava claro que a Copa deveria ser realizada fora do continente europeu, centro e ápice das violentas batalhas, retomando-se o rodízio dos continentes e decidindo-se pela Copa na América do Sul.

A decisão foi referendada no primeiro Congresso da Fifa pós-guerra, realizado em Luxemburgo, em 1946, e teve o Brasil como candidato único.

O Mundial estava marcado para ser disputado em 1949, pois a Fifa tinha pressa em retomar a realização do torneio.

Outra decisão marcante do Congresso de 1946 foi a mudança do nome do troféu oferecido ao campeão, que passou a ser chamado de Taça Jules Rimet e que ficaria definitivamente com a seleção que primeiro conquistasse o título por três vezes.

Mais novidades: a União Soviética teve sua filiação aceita e os países britânicos voltaram a integrar a Fifa, depois de se desfiliarem durante a guerra.

Em 1948, no Congresso de Londres, uma proposta do Brasil para mudança do regulamento foi aceita - o que acabou lhe custando o título.

Voltavam os jogos por grupos, do modelo de 1930, e acabavam os jogos eliminatórios logo na primeira fase, como fora em 1934 e 1938.

Pela proposta apresentada pelo Brasil, a fase decisiva também deixou de ser eliminatória, com quartas de final, semifinal e final, passando a ser disputado um Quadrangular Final com os campeões dos quatro grupos preliminares.

O Congresso de Londres também serviu para definir os grupos da Copa do Mundo do Brasil. Assim, cada seleção classificada nas Eliminatórias já saberia, com bastante antecedência, quem iria enfrentar no Mundial.

Dificuldades para organizar a Copa levaram a Fifa a adiar a competição para 1950, uma sábia decisão, pois assim ficou mantido o período de quatro em quatro anos entra as Copas.

A Argentina se recusou a participar das Eliminatórias, alegando problemas de relacionamento com a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), então entidade máxima do futebol brasileiro.

Três dos países classificados nas Eliminatórias acabaram desistindo, posteriormente, de disputar a Copa do Mundo: Índia, Escócia e Turquia.

A Índia conquistou a vaga asiática em razão das desistências de Birmânia, Filipinas e Indonésia, se classificando para integrar o Grupo 3 da Copa do Mundo.

A Escócia garantiu sua vaga nas Eliminatórias mas, alegando que a seleção inglesa - também classificada - tinha um futebol superior e melhor representaria os britânicos, desistiu de participar.

A Turquia se classificou com um único jogo nas Eliminatórias - 7 a 0 sobre a Síria, que desistiu de fazer o jogo de volta em razão da pouquissímas chances de reverter a situação. Entretanto, a exemplo da Escócia, também desistiu da competição.

Esses dois países integravam o Grupo 4, ao lado de Uruguai e Bolívia. Para tentar contornar a situação, a Fifa convidou duas seleções européias para completar o Grupo.

Portugal, eliminado pela Espanha nas Eliminatórias, recusou o convite com galhardia, sob a justificativa que só poderia disputar a Copa do Mundo com a vaga assegurada em campo, nunca por convite.

A França, fundadora da Fifa e presente em todas as Copas anteriores, aceitou o convite, após ser eliminada nas Eliminatórias pela Iugoslávia. Mas, a um mês do início da competição, desistiu, reclamando que teria longos deslocamentos em território brasileiro em curto espaço de tempo.

Definitivamente, sobraram no Grupo 4 apenas Uruguai e Bolívia, que decidiram, em apenas uma partida, uma vaga direta para o Quadrangular Final.

Mesmo estando num Grupo com apenas três seleções (o Grupo 3), a Itália, candidata à conquista definitiva da Taça Jules Rimet, por já ser bicampeã (1934 e 1938), foi eliminada ainda na primeira fase, pela Suécia, campeã do Grupo. Estava enfraquecida com a morte de todos os jogadores do Torino, base da seleção, em um acidente aéreo ocorrido em 4 de maio de 1949.

Disputando, finalmente, sua primeira Copa, a Inglaterra também decepcionou no Grupo 2, eliminada precocemente, perdendo a vaga para o Quadrangular Final para a Espanha. Venceu apenas ao Chile, no jogo de estreia, perdendo depois para os Estados Unidos na grande zebra da Copa de 1950, e para a própria Espanha.

Brasil pelo Grupo 1 e Uruguai pelo atípico Grupo 4, fizeram companhia a Suécia e à Espanha no Quadrangular Final.

A última partida desta Quadrangular, no dia 16 de julho, ficou conhecida, para os brasileiros, como a "Tragédia do Maracanazo". O Brasil jogava pelo empate para ser campeão, diante de 200 mil torcedores, mas o Uruguai venceu por 2 a 1, de virada, com o segundo gol marcado aos 34 minutos do segundo tempo.

Em sua segunda participação, o Uruguai conquistou o seu segundo título...

A Copa do Mundo de 1950 foi disputada entre 24 de junho a 16 de julho, com 13 seleções participantes, 22 jogos disputados e 88 gols marcados, proporcionando uma média de 4,00 gol por partida.

O brasileiro Ademir Menezes, com 9 gols, foi o artilheiro da Copa, que teve como craque o uruguaio Obdúlio Varela, zagueiro e capitão da Celeste Olímpica, jogador que levantou o troféu de campeão.


Na próxima postagem: 1954 - A Copa num País Neutro

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