Tirson Benarrós de Mesquita
Muitas lembranças marcaram minha vida nos últimos dias da Carla em nosso convívio.
Mas talvez a mais intensa tenha acontecido no domingo, dia 29/12. Dia em que recebi a ligação do Téo por volta das 11h, após o boletim médico do IMI.
Minhas pernas tremiam por todo o trajeto do Parque das Laranjeiras ao Japiim. Meu querido irmão precisava noticiar a família da situação incômoda da Carlota.
Quando eu cheguei ao Japiim, já encontrei a família sabendo da situação, sendo amparada psicologicamente pelo Inaldo.
Nem lembro como dividimos as tarefas... A minha parte era transportar a D. Sueli até a UTI para ver a Carla.
Chegando ao hospital, conversamos com o médico, Dr. Simão, que nos atendeu com a máxima gentileza e prestatividade, liberando a nossa entrada até onde a Carla se encontrava.
D'us! Que experiência difícil! Ver minha irmã numa situação extremamente delicada e precisar dar apoio a sua mãe, que com certeza, sofria MUITO mais do que eu.
Carlinha pouco se movimentava naquele leito, e praticamente não falava.
D. Sueli se aproximou, e num ato exponencial de heroísmo, engoliu o choro e puxou do bolso de sua calça um Terço e uma Bíblia. Em seguida falou baixinho: "Esquindô! Esquindô!"
Carlota, quando reconheceu a voz da mãe, chamando por seu apelido de infância, arregalou os olhos o máximo que pode, querendo dizer algo. D. Sueli mostrou a Bíblia e perguntou "Vamos rezar, minha filha? Em nome do Pai...".
Olhei pra Carla e me assustei ao vê-la levantar o braço na tentativa de se benzer. Quem viu a Carlinha nessa época, em específico, deve imaginar o esforço descomunal para tentar fazer o sinal da cruz. Enfim....ela não conseguiu completar o rito como um todo.
Olhei para a D. Sueli, que de olhos fechados tentava se concentrar, com uma mão no Terço e a outra segurando a Bíblia. Então, guiei a mão de nossa amada irmã completando o sinal característico dos católicos antes de começar uma oração.
Naquela hora, não pensei em minha opção religiosa. Só pensei no amor que eu e tanta gente sentia e sente pela Carla: meu irmão, sua mãe, minha afilhada, meu sobrinho.
Depois dessa experiência, tenho a certeza de que o amor está acima de qualquer coisa. É o sentimento mais próximo de D'us.
D. Sueli terminou o Terço, fez o sinal da cruz na testa da Carla, lhe deu um beijo e se despediu.
Te amo, Carla Alessandra. Te amo, Teófilo. Te amo, Scarlett. Te amo, Raul. Te amo, D. Sueli.
Muitas lembranças marcaram minha vida nos últimos dias da Carla em nosso convívio.
Mas talvez a mais intensa tenha acontecido no domingo, dia 29/12. Dia em que recebi a ligação do Téo por volta das 11h, após o boletim médico do IMI.
Minhas pernas tremiam por todo o trajeto do Parque das Laranjeiras ao Japiim. Meu querido irmão precisava noticiar a família da situação incômoda da Carlota.
Quando eu cheguei ao Japiim, já encontrei a família sabendo da situação, sendo amparada psicologicamente pelo Inaldo.
Nem lembro como dividimos as tarefas... A minha parte era transportar a D. Sueli até a UTI para ver a Carla.
Chegando ao hospital, conversamos com o médico, Dr. Simão, que nos atendeu com a máxima gentileza e prestatividade, liberando a nossa entrada até onde a Carla se encontrava.
D'us! Que experiência difícil! Ver minha irmã numa situação extremamente delicada e precisar dar apoio a sua mãe, que com certeza, sofria MUITO mais do que eu.
Carlinha pouco se movimentava naquele leito, e praticamente não falava.
D. Sueli se aproximou, e num ato exponencial de heroísmo, engoliu o choro e puxou do bolso de sua calça um Terço e uma Bíblia. Em seguida falou baixinho: "Esquindô! Esquindô!"
Carlota, quando reconheceu a voz da mãe, chamando por seu apelido de infância, arregalou os olhos o máximo que pode, querendo dizer algo. D. Sueli mostrou a Bíblia e perguntou "Vamos rezar, minha filha? Em nome do Pai...".
Olhei pra Carla e me assustei ao vê-la levantar o braço na tentativa de se benzer. Quem viu a Carlinha nessa época, em específico, deve imaginar o esforço descomunal para tentar fazer o sinal da cruz. Enfim....ela não conseguiu completar o rito como um todo.
Olhei para a D. Sueli, que de olhos fechados tentava se concentrar, com uma mão no Terço e a outra segurando a Bíblia. Então, guiei a mão de nossa amada irmã completando o sinal característico dos católicos antes de começar uma oração.
Naquela hora, não pensei em minha opção religiosa. Só pensei no amor que eu e tanta gente sentia e sente pela Carla: meu irmão, sua mãe, minha afilhada, meu sobrinho.
Depois dessa experiência, tenho a certeza de que o amor está acima de qualquer coisa. É o sentimento mais próximo de D'us.
D. Sueli terminou o Terço, fez o sinal da cruz na testa da Carla, lhe deu um beijo e se despediu.
Te amo, Carla Alessandra. Te amo, Teófilo. Te amo, Scarlett. Te amo, Raul. Te amo, D. Sueli.
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