[BOM DIA MUSICAL] - Construção, com Chico Buarque

Teófilo Benarrós de Mesquita
*** (com dois parágrafos do Wikipedia) ***
Foto: Site Oficial de Chico Buarque
http://www.chicobuarque.com.br

Manaus/AM - No Dia do Trabalhador (01/05), o Bom Dia Musical do Blog do Teófilo presta uma singela Homenagem a todos e a todas que, diariamente, dão sua contribuição para a Construção de uma Sociedade melhor.

Dentre pelo menos uma dezena de boas opções musicais que pudessem representar tal Homenagem, a escolhida foi uma canção, muito bem construída.

*** Composição de Chico Buarque de Hollanda de 1971, Construção foi escolhida, em 2001, em uma enquete realizada com 214 votantes (entre jornalistas, músicos e artistas do Brasil), pelo Jornal Folha de São Paulo, a segunda melhor canção brasileira de todos os tempos. ***

Oito anos depois, 2009, em eleição promovida pela versão brasileira da revista Rolling Stone, Construção foi eleita a melhor canção brasileira de todos os tempos.

Melhor, ou segunda melhor, o fato é que a música, composta depois do retorno de Chico do Exílio Político, na Itália, beira a PERFEIÇÃO.

*** A letra foi composta em versos dodecassílabos, que sempre terminam numa palavra proparoxítona. Os 17 versos da primeira parte (quatro quartetos, acrescidos de um verso-desfecho) são praticamente os mesmos dezessete que compõem a segunda parte, mudando apenas a última palavra. ***

Uma métrica PERFEITA, para uma letra PERFEITA.



#Bom_Dia
#Gratidão
#Trabalho
#Trabalhador
#CarpeDiem
#Projeto50mais1
#Construção
#Chico_Buarque
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego

Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo

E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago

Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreu na contramão atrapalhando o sábado

[Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague]


Com cordiais
Saudações Fastianas!
Teófilo Benarrós de Mesquita

Comentários