[POLÍTICA] - Polícia Federal mira núcleo político beneficiado por uso ilegal da Abin

Pedro Peduzzi
Agência Brasil de Comunicação
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Foto: Polícia Federal - Divulgação
Brasília/DF - A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta segunda-feira (29/01), novos mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Vigilância Aproximada, com o objetivo de avançar no núcleo político suspeito de estar por trás do uso de informações produzidas ilegalmente por meio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Segundo os investigadores, a nova etapa pretende identificar os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente por meio de ações clandestinas da agência.

Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos. Cinco deles, no Rio de Janeiro/RJ e três em Brasília/DF, Formosa/GO e Salvador/BA.

A Operação Vigilância Aproximada foi deflagrada na quinta-feira (25/01) com o propósito de investigar organização criminosa que se instalou na Abin.

A PF suspeita que, nessas ações, “eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público".

A investigação deflagrada na semana passada teve como alvo o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência e deputado federal Alexandre Ramagem (PL/RJ).

Ele foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – cargo do qual foi exonerado em março de 2022, já durante o governo Lula.

O uso ilegal da Abin consistia no monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.

Esse monitoramento teria sido feito por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis.

A utilização irregular desse sistema de geolocalização já havia sido denunciada à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) por operadoras de telefonia.

A Anatel confirmou à Agência Brasil que “há três processos a respeito do assunto em andamento”, mas que “os documentos estão com restrições de acesso de acordo com hipóteses previstas na legislação”.

A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado.

As provas obtidas pela corporação à época indicam que o grupo criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas do Estado para produzir informações para uso político e midiático, “para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”.

Segundo a PF, os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

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