Ato contra PEC da Blindagem e Anistia leva milhares às ruas no Distrito Federal

Lucas Pordeus León
Fotos: Marcelo Camargo
Agência Brasil de Comunicação
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Brasília/DF - Milhares de pessoas marcharam neste domingo (21/09), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília/DF, para protestar contra os projetos da Anistia aos golpistas e da blindagem de parlamentares. A passeata ocupou as seis faixas do Eixo Monumental.

Sob sol forte, a multidão seguiu em marcha atrás de um pequeno trio elétrico, após uma batalha de rimas e discursos de lideranças políticas do Distrito Federal.

O trajeto de cerca de 1,5 quilômetro foi até a frente do Congresso Nacional, onde o cantor e compositor Chico César encerrou o ato cantando alguns de seus sucessos. O ato ocorreu das 9 horas às 14 horas (de Brasília/DF).

Com o mote “Congresso Inimigo do Povo”, os manifestantes gritavam “Sem Anistia” e “queremos Bolsonaro na cadeia”, pedindo o cumprimento da condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão.

A pena foi determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que reconheceu a culpa de Bolsonaro e aliados na trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022 e culminou nos atentados à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

Os cartazes traziam ainda dizeres como “sem bandidagem”, em referência a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) apelidada pelo ato de “PEC da Bandidagem”, também conhecida como PEC da Blindagem ou das Prerrogativas.

Segundo a proposta, a abertura de processos judiciais contra parlamentares precisará ser aprovada pela maioria das próprias casas legislativas.

INDIGNAÇÃO
A bancária Keyla Soares, de 42 anos, contou à Agência Brasil que ficou indignada com a proposta que exige autorização prévia do Parlamento para processar criminalmente deputados e senadores.

“É uma sem vergonhice. É ofensiva essa PEC. Eles só trabalham em defesa deles mesmos. O Brasil tem que se unir contra isso. Estamos lutando também pela Democracia”, comentou.

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos/PB), foi um dos principais alvos dos manifestantes em cartazes como “Motta Capacho”; “Centrão ladrão”; “PCC: Primeiro Comando do Congresso”.

Como presidente da Casa, Motta é o responsável por definir a pauta de votações e incluiu a PEC e a Anistia na programação da última semana.

A estudante Sara Santos, de 26 anos (foto abaixo), disse que a PEC é um absurdo e ficou sem acreditar quando soube da aprovação. Para ela, os parlamentares apenas querem se proteger da Justiça.
A estudante também criticou o PL (Projeto de Lei) da Anistia.

“Depois de tudo que a gente viveu com a Ditadura Militar, não podemos aceitar Anistia contra quem atacou a Democracia e tentou dar um Golpe de Estado”, justificou.

A delegada aposentada Maria Lúcia de Souza, de 62 anos, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, “desde o primeiro dia do governo dele”, queria dar o Golpe para se perpetuar no poder.

“Estão subestimando nossa inteligência. Acha que somos burros. Na semana que saem notícias de suposto envolvimento do Rueda [presidente do União Brasil] com o PCC, eles aprovam essa PEC da Bandidagem. Estou revoltada”, disse.

Maria Lúcia se refere à veiculação de reportagens que apontam uma suposta conexão entre o presidente nacional do partido União Brasil, Antonio Rueda, e a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Rueda e o partido negam as acusações.

Para o servidor público Albert Scott, de 47 anos, não tem que ter Anistia para quem planejou e financiou tentativa de Golpe de Estado e defendeu “resgatar nossa bandeira” e “nossas cores verde e amarela”, que foram “sequestradas” pela extrema-direita.

“É inaceitável. É um retrocesso essa PEC. Eles só votam por eles mesmos para se proteger da Justiça. Isso é absurdo”, disse.

Atos contra a anistia dos condenados por tentativa de golpe de Estado e contra a PEC da Blindagem ocorrem em todo o país neste domingo (21/09). Ao menos 33 cidades realizam protestos, incluindo todas as capitais.

Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL, PT e movimentos populares, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como MST e MTST, além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.


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