Rafael Cardoso
Fotos: Marcelo Camargo
Agência Brasil de Comunicação
www.agenciabrasil.ebc.gov.br
Ilha de Marajó/PA - Celular? Videogame? Brinquedos eletrônicos? Em uma das áreas alagadas no município de Soure, na Ilha de Marajó/PA, crianças se divertem nadando com búfalos.
Elas têm a missão de adestrar os animais, mas o trabalho vira um detalhe entre saltos e mergulhos, que ajudam a amenizar o calor intenso da região.
O búfalo é o principal símbolo do Marajó, que tem o maior rebanho do país: estimativas variam entre 650 mil e 800 mil animais.
A maior parte está nos municípios de Soure/PA, Chaves/PA e Cachoeira do Arari/PA.
Eles estão representados em estátuas na rua, são usados para transporte, policiamento e na gastronomia, como o famoso filé mignon com queijo.
A centralidade do animal fez a família proprietária da Fazenda e Empório Mironga planejar a criação de uma “Universidade do Búfalo”: o Centro de Estudos da Bubalinocultura.
Ainda não há previsão de implementação do projeto, mas seria o primeiro no país dedicado à pesquisa sobre genética, manejo e aproveitamento integral do mamífero.
“Nós precisamos de gente para estudar melhor o búfalo: melhoramento genético, como agregar valor no leite, no couro, na carne, manejo, questão sanitária. Precisamos estudar e divulgar”, diz o fazendeiro Carlos Augusto Gouvêa, conhecido como Tonga.
“Este centro não seria privilégio do Veterinário ou do Agrônomo, Zootecnista e Biólogo. Envolveria outras áreas como um tecnólogo de Alimento, de Turismo, Medicina”, completa o fazendeiro.
Enquanto o projeto não sai do papel, a família organiza a Vivência Mironga, Turismo Pedagógico iniciado em 2017 que permite aos visitantes conhecerem o cotidiano da propriedade, a produção do queijo artesanal de leite de búfala e as práticas agroecológicas.
“A gente produzia muito queijo e doce, e havia essa possibilidade de aumentar os negócios. Só que a gente tem uma área ilimitada, de 90 hectares. E a ideia não era produzir em escala maior”, diz Gabriela Gouvêa, filha de Tonga (foto abaixo). “Foi quando entrou o Turismo e paramos de tentar essa expansão da produção. Hoje, o Turismo responde por dois terços da fazenda. Em setembro, tivemos um recorde de 400 visitantes”, completa Gabriela Gouvêa, que é presidente da Associação dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó.
O queijo do Marajó tem origem secular e é feito a partir de leite cru, com técnicas passadas de geração em geração.
A luta pela legalização dessa produção foi longa e contou com a participação ativa da família, que ajudou a construir legislação sanitária específica para o queijo artesanal.
Em 2013, a queijaria da Mironga foi a primeira a obter inspeção oficial e, anos depois, o produto recebeu a Indicação Geográfica do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) participou do processo de diagnóstico, legalização e organização coletiva.
CULINÁRIA AFETIVA
O Café Dona Bila, em Soure, se tornou um ponto de encontro entre a memória afetiva e a gastronomia regional.
À frente do negócio está Lana Correia, empreendedora cearense que uniu a culinária nordestina — com cuscuz e tapioca — aos ingredientes típicos do Pará, com destaque para o queijo marajoara e a carne de búfalo.
“Comecei com delivery em 2023 e a demanda aumentou. Por isso, abri meu espaço físico. Queria que o café tivesse sabor e clima de casa”, conta Lana.
“As pessoas dizem que, quando comem aqui, lembram da infância, da casa da avó, dos tempos em que vinham à Praia do Amor [em frente ao estabelecimento]. Essa conexão emocional é o que torna o café especial”, diz Lana (foto abaixo)
O ambiente acolhedor e o cardápio cheio de referências familiares conquistaram moradores e turistas. Os pratos mais pedidos são a tapioca molhada (com recheios de queijo e carne), o bolo de milho cremoso e o cuscuz recheado.
De olho na COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que vai ser realizada em Belém/PA, em novembro, a empreendedora criou dois novos pratos que destacam ingredientes locais: o Cuscuz de Murrá, feito com filé de búfalo, e o Cuscuz Praia do Amor, com camarão regional e queijo do Marajó.
Lana vive em Soure/PA há 4 anos e completou 2 à frente do Café Dona Bila. Antes, trabalhou na área de Educação Superior, em Fortaleza/CE e Belém/PA, e foi no Marajó que descobriu sua paixão pela Gastronomia.
“Eu cozinhava só para amigos. Aqui, descobri um talento que nem eu sabia que tinha”, diz Lana.
Ela teve o apoio do Sebrae em capacitações e articulações locais, e tem se firmado como um símbolo da nova geração de empreendedores marajoaras, mais atentos à valorização da cultura local.
PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS
Em que pesem as relações culturais e econômicas históricas do búfalo no Marajó, a produção e consumo dos derivados do búfalo têm desafios ambientais para enfrentar.
A redução da emissão de gases do efeito estufa é o tema principal da COP30. O último levantamento do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), de 2023, indica a pecuária como segunda maior emissora do país, atrás apenas das mudanças de uso da terra.
Os bovinos, categoria dos quais o búfalo faz parte, foram responsáveis por emitir 405 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MTCO2e) nesse período.
Isso ocorre pela liberação do gás metano (CH4) durante o processo de digestão do animal. Talvez seja esses um dos principais quebra-cabeças a serem estudados pelo futuro Centro de Estudos da Bubalinocultura.
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Fotos: Marcelo Camargo
Agência Brasil de Comunicação
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Ilha de Marajó/PA - Celular? Videogame? Brinquedos eletrônicos? Em uma das áreas alagadas no município de Soure, na Ilha de Marajó/PA, crianças se divertem nadando com búfalos.
Elas têm a missão de adestrar os animais, mas o trabalho vira um detalhe entre saltos e mergulhos, que ajudam a amenizar o calor intenso da região.
O búfalo é o principal símbolo do Marajó, que tem o maior rebanho do país: estimativas variam entre 650 mil e 800 mil animais.
A maior parte está nos municípios de Soure/PA, Chaves/PA e Cachoeira do Arari/PA.
Eles estão representados em estátuas na rua, são usados para transporte, policiamento e na gastronomia, como o famoso filé mignon com queijo.
A centralidade do animal fez a família proprietária da Fazenda e Empório Mironga planejar a criação de uma “Universidade do Búfalo”: o Centro de Estudos da Bubalinocultura.
Ainda não há previsão de implementação do projeto, mas seria o primeiro no país dedicado à pesquisa sobre genética, manejo e aproveitamento integral do mamífero.
“Nós precisamos de gente para estudar melhor o búfalo: melhoramento genético, como agregar valor no leite, no couro, na carne, manejo, questão sanitária. Precisamos estudar e divulgar”, diz o fazendeiro Carlos Augusto Gouvêa, conhecido como Tonga.
“Este centro não seria privilégio do Veterinário ou do Agrônomo, Zootecnista e Biólogo. Envolveria outras áreas como um tecnólogo de Alimento, de Turismo, Medicina”, completa o fazendeiro.
Enquanto o projeto não sai do papel, a família organiza a Vivência Mironga, Turismo Pedagógico iniciado em 2017 que permite aos visitantes conhecerem o cotidiano da propriedade, a produção do queijo artesanal de leite de búfala e as práticas agroecológicas.
“A gente produzia muito queijo e doce, e havia essa possibilidade de aumentar os negócios. Só que a gente tem uma área ilimitada, de 90 hectares. E a ideia não era produzir em escala maior”, diz Gabriela Gouvêa, filha de Tonga (foto abaixo). “Foi quando entrou o Turismo e paramos de tentar essa expansão da produção. Hoje, o Turismo responde por dois terços da fazenda. Em setembro, tivemos um recorde de 400 visitantes”, completa Gabriela Gouvêa, que é presidente da Associação dos Produtores de Leite e Queijo do Marajó.
O queijo do Marajó tem origem secular e é feito a partir de leite cru, com técnicas passadas de geração em geração.
A luta pela legalização dessa produção foi longa e contou com a participação ativa da família, que ajudou a construir legislação sanitária específica para o queijo artesanal.
Em 2013, a queijaria da Mironga foi a primeira a obter inspeção oficial e, anos depois, o produto recebeu a Indicação Geográfica do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) participou do processo de diagnóstico, legalização e organização coletiva.
CULINÁRIA AFETIVA
O Café Dona Bila, em Soure, se tornou um ponto de encontro entre a memória afetiva e a gastronomia regional.
À frente do negócio está Lana Correia, empreendedora cearense que uniu a culinária nordestina — com cuscuz e tapioca — aos ingredientes típicos do Pará, com destaque para o queijo marajoara e a carne de búfalo.
“Comecei com delivery em 2023 e a demanda aumentou. Por isso, abri meu espaço físico. Queria que o café tivesse sabor e clima de casa”, conta Lana.
“As pessoas dizem que, quando comem aqui, lembram da infância, da casa da avó, dos tempos em que vinham à Praia do Amor [em frente ao estabelecimento]. Essa conexão emocional é o que torna o café especial”, diz Lana (foto abaixo)
O ambiente acolhedor e o cardápio cheio de referências familiares conquistaram moradores e turistas. Os pratos mais pedidos são a tapioca molhada (com recheios de queijo e carne), o bolo de milho cremoso e o cuscuz recheado.
De olho na COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que vai ser realizada em Belém/PA, em novembro, a empreendedora criou dois novos pratos que destacam ingredientes locais: o Cuscuz de Murrá, feito com filé de búfalo, e o Cuscuz Praia do Amor, com camarão regional e queijo do Marajó.
Lana vive em Soure/PA há 4 anos e completou 2 à frente do Café Dona Bila. Antes, trabalhou na área de Educação Superior, em Fortaleza/CE e Belém/PA, e foi no Marajó que descobriu sua paixão pela Gastronomia.
“Eu cozinhava só para amigos. Aqui, descobri um talento que nem eu sabia que tinha”, diz Lana.
Ela teve o apoio do Sebrae em capacitações e articulações locais, e tem se firmado como um símbolo da nova geração de empreendedores marajoaras, mais atentos à valorização da cultura local.
PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS
Em que pesem as relações culturais e econômicas históricas do búfalo no Marajó, a produção e consumo dos derivados do búfalo têm desafios ambientais para enfrentar.
A redução da emissão de gases do efeito estufa é o tema principal da COP30. O último levantamento do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), de 2023, indica a pecuária como segunda maior emissora do país, atrás apenas das mudanças de uso da terra.
Os bovinos, categoria dos quais o búfalo faz parte, foram responsáveis por emitir 405 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MTCO2e) nesse período.
Isso ocorre pela liberação do gás metano (CH4) durante o processo de digestão do animal. Talvez seja esses um dos principais quebra-cabeças a serem estudados pelo futuro Centro de Estudos da Bubalinocultura.
Rafael Cardoso e Marcelo Camargo, profissionais da Agência Brasil, viajaram a convite do Sebrae.
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